quinta-feira, julho 23, 2009

470) Ruy Barbosa, discurso no Colegio Anchieta

DISCURSO NO COLÉGIO ANCHIETA
Ruy Barbosa

" ...Não é a soberania do povo o que salva as repúblicas . Não são as urnas eleitorais que melhoram os governos. Não é a liberdade política o que engrandece as nações. A soberania do povo constitui apenas uma força, a grande força moderna, entre as nações embebidas na justa aspiração de se regerem a si mesmas. Mas essa força popular há mister dirigida por uma alta moralidade social. As eleições mudam os governos, mas não os reformam.

As liberdades políticas não têm por objeto satisfazer a vaidade dos cidadãos, entregando-lhes em frações dispersas o cetro do poder. O verdadeiro destino dessas liberdades está em revestirem e abroquelarem as liberdades civis, isto é, os direitos da consciência, da família e da propriedade.

Essas três categorias de direitos ancoram na palavra divina, a saber, na divina constituição do homem. Mas só os povos religiosos os têm definido e praticado seriamente, ao menos no que respeita à consciência e à família.

Só entre eles o santuário é inviolável. Só entre eles a mulher não pára em débil instrumento do outro sexo. Só entre eles a liberdade de testar consagra a autoridade paterna, depura o amor filial e oferece ao trabalho estímulos incomparáveis. Só entre eles, pelo direito de reunião e pelo direito de associação, consubstanciados na vida cotidiana, se pratica em escala realmente benfazeja a grande caridade, e as classes possuidoras se misturam, pela beneficência mais profusa, às classes laboriosas.....

As formas políticas são vãs, sem o homem que as anima. É o vigor individual que faz as nações robustas. Mas o indivíduo não pode ter essa fibra, esse equilíbrio, essa energia, que compõem os fortes, senão pela consciência do seu destino moral, associada ao respeito desse destino nos seus semelhantes.

Ora, eu não conheço nada capaz de produzir na criatura humana em geral esse estado interior, senão o influxo religioso.Nem o ateísmo reflexivo dos filósofos, nem o inconsciente ateísmo dos indiferentes são compatíveis com as qualidades de ação, resistência e disciplina essenciais aos povos livres.

Os descrentes, em geral,são fracos e pessimistas, resignados ou rebeldes, agitados ou agitadores.

Mas ainda não basta crer: é preciso crer definida e ativamente em Deus, isto é, confessá-lo com firmeza, e praticá-lo com perseverança.".....

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Para ler na integra

COLÉGIO ANCHIETA

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