terça-feira, novembro 25, 2008

377) Cooperacao cientifica e propriedade intelectual

A matéria abaixo transcrita deve ser lida em conjunção com este meu post no blog Diplomatizzando, relativo à questão da cooperação científica e da propriedade intelectual:
947) Relato de uma reuniao cientifica no Brasil (Terça-feira, Novembro 25, 2008)

A matéria abaixo é a prova material de que cooperação não precisa significar ausência de direitos de propriedade intelectual.

Embrapa e Monsanto renovam parceria para o desenvolvimento de projetos agrícolas sustentáveis

Com a presença do CEO da Monsanto, Hugh Grant, e do diretor-presidente da Embrapa, Silvio Crestana, foi feito, a título de royalties, o repasse de R$ 7,8 milhões, que serão destinados, pelo terceiro ano consecutivo, ao fundo de pesquisas da instituição


Mais de dez novos projetos voltados para a agricultura nacional, como o desenvolvimento de alimentos com mais ferro e vitaminas e combate a uma das maiores pragas da citricultura, serão beneficiados com a renovação, pelo terceiro ano consecutivo, da parceria da Monsanto com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

O anúncio foi feito em cerimônia na sede da entidade, em Brasília, em 20 de novembro.

Na ocasião, foi feito ainda, por parte da Monsanto, o repasse de R$ 7,8 milhões, para o fundo de pesquisa da Embrapa, oriundos do compartilhamento dos direitos de propriedade intelectual, a título de royalties, sobre a comercialização de variedades de soja da Embrapa com a tecnologia Roundup Ready® na safra 2007/08.

Os recursos serão aplicados em mais de 10 projetos da Embrapa e representam mais do que o dobro do investido em 2007 (R$ 3,2 milhões) no desenvolvimento de projetos em biotecnologia, escolhidos por meio do comitê gestor do Fundo de Pesquisa que a Monsanto mantém em parceria com Embrapa, voltados aos agricultores brasileiros.

O CEO e presidente mundial da Monsanto, Hugh Grant, veio especialmente ao Brasil para fazer esta renovação da parceria. De acordo com ele, a parceria abre caminho para outras tecnologias que podem resultar em aumento de produtividade para os agricultores. A iniciativa também apóia projetos que podem tornar a agricultura mais sustentável.

Em junho deste ano, a empresa anunciou um compromisso mundial de dobrar a produtividade das culturas que desenvolve de maneira sustentável, com menor uso de recursos naturais, como água e energia, ao mesmo tempo em que pretende contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos produtores.

"Por conta das demandas agrícolas crescentes, é preciso um esforço conjunto para que possamos produzir mais e conservar mais", afirma Grant. "Estamos otimistas que, em parceria com clientes, políticos, cientistas, organizações não-governamentais, acadêmicos e indústria podemos tornar a agricultura mais sustentável. E, na Monsanto, estamos prontos para fazer a nossa parte".

O líder mundial da Monsanto esteve acompanhado pelo presidente da empresa no Brasil, André Dias, na renovação da parceria com a Embrapa. "Ampliar o acesso de todos os agricultores a modernas tecnologias agrícolas, especialmente em países em desenvolvimento, faz parte do nosso compromisso. A renovação da parceria com a Embrapa reflete como transformaremos idéias em ação", afirmou Dias.

"Há um reconhecimento da ciência e tecnologia nacional da necessidade de ampliar as parcerias público-privadas em inovação. Este é um exemplo importante", afirma o diretor-presidente da Embrapa, Silvio Crestana.

Pesquisas pioneiras

Os recursos irão contemplar os seguintes projetos da Embrapa, com destaque para três iniciativas:

- Identificação, caracterização e incorporação de genes para resistência durável à brusone em arroz cultivado no Brasil, que recebeu mais de R$ 1 milhão;

- Biofortificação, ou seja, desenvolvimento, por meio da biotecnologia, de alimentos mais nutritivos, com adição de ferro e vitaminas;

- O Huanglongbing (ex-greening) dos citros, que desenvolverá abordagens biotecnológicas de manejo para combater uma doença devastadora que praticamente acabou com a citricultura chinesa e sul-africana e chegou ao Brasil alarmando os nossos cientistas.

Os outros projetos contemplados são: Prospecção de genes associados com a resistência a begomovírus em linhagens de tomateiro e estudo dos mecanismos de resistência; Estratégias convencionais e biotecnológicas para o manejo de doenças e sustentabilidade de agroecossistemas envolvendo as culturas de milho e sorgo; Avaliação de segurança alimentar e ambiental de feijoeiro geneticamente modificado para resistência ao Mosaico Dourado do Feijoeiro"; Desenvolvimento de linhagens de soja geneticamente modificadas com os genes Bt e RR2, concomitante à elaboração de um programa de contenção e rastreamento (stewardship); Identificação de marcadores moleculares associados a genes de resistência do algodoeiro a doenças sem controle curativo: doença azul e mancha angular; Desenvolvimento tecnológico para uso funcional das passifloras silvestres; Prospecção de genes para tolerância ao estresse de encharcamento em soja; e, finalmente, um seminário a ser realizado na Embrapa em 2009 com o tema Tolerância à Seca e Mudanças Climáticas.

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