China boicota documento sobre clima
Texto final do Fórum de Mudanças Climáticas não deve ser ratificado
Demétrio Weber
O Globo, 21/2/2008
Parlamentares chineses resolveram ontem boicotar o documento final produzido pelo Fórum de Mudanças Climáticas, que reúne congressistas dos países do G-8 e do Brasil, da China, do México, da Índia e da África do Sul. A delegação da China sinalizou que não pretende aprovar o texto.
A justificativa é que seus parlamentares não acompanharam a elaboração do rascunho e, agora, não teriam tempo para analisar o texto antes de votá-lo.
Eles também acabaram jogando um balde de água fria na proposta brasileira de recomendar os biocombustíveis como arma para enfrentar o aquecimento global, em documento que será apresentado aos líderes dos países do G-8, o grupo de nações mais ricas do mundo.
A proposta discutida ontem prevê a redução drástica de barreiras tarifárias aos biocombustíveis e sugere que o assunto seja tratado como prioridade na Organização Mundial do Comércio. Ao contrário do Brasil, o país tem uma matriz energética poluente, que utiliza termoelétricas: Sou contra formularmos um documento com pressa disse um representante dos congressistas chineses.
A posição chinesa foi tornada pública justamente no painel em que os presidentes da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli; da Embrapa, Silvio Crestana; e da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), Marcos Jank, apresentaram dados sobre a produção de etanol e biocombustíveis no Brasil.
Críticas ao aumento do desmatamento A delegação da Alemanha também manifestou preocupação com a proposta, ressalvando que o êxito brasileiro não seria suficiente para uma recomendação em escala internacional.
Para o senador Renato Casagrande (PSB-ES), que integra a delegação brasileira, as resistências aos biocombustíveis podem esconder preocupações de outra natureza: Os países ficam defendendo os seus mercados ao levantar essas dúvidas.
Ele se referia às críticas que têm sido dirigidas aos biocombustíveis, no sentido de que poderiam fazer aumentar o desmatamento e reduzir a produção de alimentos. Crestana e Jank informaram que a cana-de-açúcar ocupa menos de 2% da área de agricultura do país.
O fórum de legisladores tem apenas caráter opinativo, mas é ouvido pelos governos do G-8, entre eles Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido.
(O Globo, 21/2)
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