Calma, não é para agora...
Seria para daqui a 15 ou 20 anos, se tudo der certo.
Em todo caso, líderes do Rio Grande do Sul já tomaram consciência dos problemas atuais e do que deve ser feito para encaminhar soluções satisfatórias a cada um deles.
Leiam a matéria desta sexta-feira, 10 de março de 2006, do jornal gaúcho Zero Hora:
"Futuro ideal do Estado toma forma
Representantes dos poderes e de entidades empresariais e de trabalhadores esboçaram ontem soluções para tirar o Estado da estagnação em encontro do projeto O Rio Grande que queremos.
Apesar de agregar categorias com bandeiras distintas, os cerca de 800 participantes da primeira etapa do projeto O Rio Grande que queremos - agenda estratégica 2006-2020 conseguiram finalizar ontem um esboço do futuro ideal do Estado nos próximos 15 anos.
Depois de diagnosticar o que emperra ou estimula o desenvolvimento gaúcho na quarta-feira, entidades de trabalhadores, empresários e poderes definiram 91 manchetes positivas de jornais a serem lidas até 2020. Uma equipe técnica permanente irá se basear no material para detalhar objetivos de curto, médio e longo prazos. Em agosto, o trabalho com soluções estará concluído (veja o quadro).
O segredo do consenso foi engavetar reclamações pontuais e focar problemas globais, como a crise financeira. O Estado teve um déficit de R$ 755 milhões nas contas públicas no ano passado e está à frente apenas do Piauí quando se trata de capacidade de investimento.
- O filtro final já saiu. Há agendas pessoais, mas as coletivas são as mesmas - explica Flávio Sabbadini, presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio).
Segundo o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, é preciso respeitar os resultados da discussão:
- Nosso setor defendeu que temos de mudar o perfil produtivo gaúcho e diversificar.
CUT não quis participar do Agenda estratégica
Presidente estadual da Força Sindical, Cláudio Janta deixou de lado a regulamentação de leis e a redução da jornada de trabalho. A entidade representa 76 sindicatos da iniciativa privada, dois sindicatos estaduais e cinco federações, totalizando 1,1 milhão de filiados.
- Não podemos ficar discutindo o mínimo enquanto fábricas fecham e trabalhadores são demitidos devido à crise do Estado. Não dá para perder mais 20 anos - diz.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) se recusou a participar das discussões na Fiergs. Em nota oficial, a entidade sustenta que há um desequilíbrio na participação de empresários e trabalhadores. Afirma que organizações sociais históricas, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), não foram convidadas para o processo de construção coletiva. Em abril, a CUT irá realizar um seminário para discutir crise e desenvolvimento no Estado.
As conclusões da primeira etapa do projeto
O que impulsionou o crescimento do Estado nas últimas cinco décadas
- Espírito empreendedor do gaúcho
- Formação cultural e étnica variada
- Sistema educacional diferenciado
- Vontade e força política dos governantes
- Capacidade de trabalho
- Qualidade humana
- Organização da sociedade
- Preservação dos valores morais
- Localização geográfica
O que prejudicou o desenvolvimento gaúcho
- O custo do Estado (burocracia, falta de sustentabilidade da previdência pública e baixa capacidade de investimento)
- Aumento da carga tributária e concentração na esfera federal
- Decadência da qualidade da educação
Qual o futuro ideal
Participantes definiram 91 manchetes de jornais a serem lidas até 2020. Veja as principais:
"Estado tem crescimento de 9% em 2020, com crescimento médio de 8% ao ano"
"ONU reconhece qualidade do ensino gaúcho"
"RS é referência mundial em qualidade de vida"
"RS é referência nacional em gestão pública"
"RS é exemplo de desenvolvimento sustentável"
"Carga tributária atinge índice de países que mais crescem"
"RS atinge auto-suficiência de energia"
"RS investe 20% da arrecadação"
"RS é o Estado que mais cresceu nos últimos 10 anos no Brasil"
"RS: 14 anos sem greves e invasões"
"Renda per capita gaúcha supera à da Coréia do Sul"
"Zerado o déficit habitacional no RS"
"O RS é um Estado seguro"
"Melhor taxa de distribuição de renda é a do RS"
"Extra: grupo Agenda Estratégica de 2006 reúne-se em 8 de março de 2020 para festejar os objetivos superados"
Os próximos passos
Março
Técnicos das federações empresariais e consultores começam a esmiuçar as propostas e verificar a viabilidade. A equipe técnica será permanente.
26 de abril
Cerca de 60 pessoas escolhidas no primeiro seminário se reúnem e começam a detalhar objetivos de curto, médio e longo prazos com base no documento finalizado em março.
Os participantes irão criar de 10 a 15 comitês temáticos para discutir problemas e soluções até agosto.
28 de junho
O grupo formado no primeiro seminário irá definir indicadores, metas e ações e meios de atingi-los.
Início de agosto
Um documento definitivo com diagnóstico, soluções e metas para o Estado até 2020 será entregue aos candidatos a governador. Uma ONG será criada para acompanhar a aplicação das medidas sugeridas permanentemente."
Nota final PRA:
Bem, o diagnóstico foi feito, o caderno de tarefas foi feito, agora falta cumpri-lo. Trata-se, em todo caso, de um bom começo para um debate racional sobre prioridades para a agenda do estado na campanha eleitoral estadual deste ano de 2006.
Eu não sou gaúcho, mas desejo cumprimentar a todos os envolvidos neste exercício pela clareza da iniciativa e pela disposição demonstrada em começar a arregaçar as mangas em torno de propostas concretas para tirar a economia do estado do relativo marasmo em que ela vive hoje.
Que tal se o Brasil fizesse o mesmo?
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