O que vai transcrito abaixo é da pluma de um economista consultor, Marco Aurélio Garcia -- não confundir, absolutamente, com o assessor presidencial do mesmo nome, mas que não é economista, nem, obviamente, um liberal -- que participava de um debate sobre políticas econômicas no blog do jornalista econômico José Paulo Kupfer, do Estadão, em torno da política monetária do BC e da decisão do Copom de manter a taxa de juros estável, em 28.01.2010, mas com viés de provável alta nos próximos meses.
O Liberalismo Econômico
29/01/2010 - 19:12
Enviado por: Marco Aurélio Garcia
Constantemente acadêmicos utilizam o condenável método de definir pensamentos contrários de acordo com seus interesses. Conceituam liberalismo e neoliberalismo de modo diferente, mas mantêm os mesmos autores como pensadores, Adam Smith (clássico, pai do liberalismo), Friedrich August Von Hayek (austríaco radicado nos USA), Milton Friedman (escola de Chicago). Não consideram que as bases dos pensamentos subsistem (são as mesmas), adequando-se à evolução dos tempos, mas não mudam no essencial. Os limites práticos de aplicação ao mundo real é que divergem (quanto de regulação, etc.).
O Liberalismo pode ser definido como uma doutrina ou corrente de pensamento que defende a liberdade individual (os direitos individuais e civis), a livre iniciativa, o governo democrático (baseado no livre consentimento dos governados e estabelecido com base em eleições livres), a liberdade de expressão, a defesa da concorrência, instituições que obedeçam a lei igual para todos, a transparência, o lucro e o direito de propriedade. O liberalismo nasceu combatendo o direito divino dos reis (e a hereditariedade dos governantes), os privilégios da corte, dos militares e o sistema de religião oficial.
Os liberais acreditam que substituir a ordem natural, espontânea e complexa dos mercados (infinitos interesses pessoais) pelas limitações do planejamento centralizado, dirigido por burocratas de governos (totalitários e autocráticos, onde a corrupção é facilitada), é o caminho do empobrecimento. O pensamento liberal defende e aceita um poder normativo (mais normas e menos poder discricionário de autoridades) e defensor da concorrência e dos interesses dos consumidores (não existe Liberalismo sem concorrência).
RESUMINDO: A MENOR PRESENÇA ESTATAL POSSÍVEL, A MAIOR QUANDO NECESSÁRIA.
O Capitalismo é a economia de livre mercado. O liberalismo é a forma mais evoluída do capitalismo (a menor presença estatal possível). O Capitalismo de estado é uma variante que facilita a corrupção e agrega muito dos pontos negativos do comunismo. O Lucro e a Propriedade Privada são os pilares motivadores da produção e do crescimento econômico. Para que a propriedade privada e o lucro aconteçam é necessário que a economia seja livre. Por isso, o Capitalismo é também chamado de economia liberal ou de livre mercado. O governo intervém para buscar o Bem Comum e evitar desequilíbrios entre os agentes econômicos (através de leis e órgãos reguladores).
A poupança nacional é individual e gerida individualmente. As empresas, para conseguir o lucro e a sobrevivência procuram produzir de acordo com as necessidades e os desejos dos consumidores. Os preços são livres. Utiliza os talentos existentes na população para produzir e dirigir. Em tese utiliza todos os cérebros existentes nos países. Os proprietários, buscando o lucro, buscam também os melhores dirigentes e ganhos constantes de produtividade (desenvolvimento e melhoria contínua é o caminho para a Sobrevivência).
Ao contrário do que escrevem, Milton Friedman defendia a normatização, sabedor que a falta de regras do jogo é o retorno à barbárie. Inclusive em seu livro “Capitalismo e Liberdade” escreve um capítulo cujo título é: “O governo como legislador e árbitro”, e outro “Normas em vez de autoridades”.
É populismo, demagogia ou ignorância escreverem que o capitalismo (ou o liberalismo) prega a eliminação da regulação (alguns chegam a escrever a total eliminação da regulação). O que o liberalismo prega é a redução do poder discricionário dos governantes, é a obediência de todos às regras pré-estabelecidas (enfim regras do jogo estabelecidas e que defendam a concorrência).
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