Engenharia Militar Brasileira
Desde o Brasil Colônia os Engenheiros Militares absorveram e aprimoraram a arte portuguesa de planejar e construir fortificações, edificações e acessos. Os testemunhos das obras realizadas, pela Engenharia Militar Lusobrasileira, solidamente construídos e estrategicamente localizados ainda fazem parte de nossa paisagem como bastiões de nossas fronteiras marítimas e terrestres.
Naqueles tempos ser engenheiro pressupunha ser, obrigatoriamente, oficial da exército, já que o ensino regular de Engenharia estava ligado à vertente militar. Em 1792, foi criada a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, uma das primeiras escolas de Engenharia do mundo, embrião do Instituto Militar de Engenharia (IME) e da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na Real Academia é que se começou a estender o acesso de civis aos conhecimentos técnicos de Engenharia resultando, em 1874, na separação do ensino civil do militar, só então surgindo a Engenharia Civil.
Na primeira metade do século XX, o Brasil experimentou acelerado processo de desenvolvimento que concorreu para a implantação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN); o primeiro curso de Engenharia Aeronáutica do País, a construção do Tronco Principal Sul (TPS) e nas décadas seguintes se implantou um dos mais modernos Sistemas de Telecomunicações do mundo com o concurso efetivo e fundamental dos engenheiros egressos do IME.
O IME foi pioneiro, ainda, nos cursos de Energia Nuclear e da Computação. Os governos militares, numa visão estratégica voltada para o futuro, dedicaram uma atenção, muito especial, à integração da Amazônia, transferindo para aqueles longínquos rincões o grosso da Engenharia de Construção. Rodovias foram projetadas e implantadas com determinação e heroísmo pelos soldados engenheiros.
Nos dias de hoje, como nos de ontem, a Engenharia Militar responde com oportunidade e alta qualidade aos desafios que se lhe são propostos para atender aos reclames do desenvolvimento nacional. Aqueles que condenam o emprego da Engenharia Militar Brasileira em obras viárias ignoram sua história e sua missão que é, em tempo de paz, colaborar com o desenvolvimento Nacional, construindo estradas de rodagem, ferrovias, pontes, açudes, barragens, poços artesianos e inúmeras outras obras que se fizerem necessárias.
Convênio entre o DNIT e o Exército
“Quase 300 quilômetros de rodovias pavimentadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste deverão ser concluídos até o final do ano pelos batalhões de Engenharia e Construção do Exército. São algumas das principais obras executadas para o DNIT, por meio de convênios de cooperação, como a duplicação da BR-101 Nordeste e pavimentação das BR-319/AM e BR-163/PA. “O DNIT é o mais antigo e tradicional parceiro que temos”, resume o general Ítalo Avena, chefe do Departamento de Engenharia e Construção (DEC), que coordena os 11 batalhões de engenharia (BEC) instalados nas regiões Norte (quatro), Nordeste (quatro) e Cento-Sul (três).
Obras do DNIT em andamento, consideradas pelo Governo Federal de grande importância, são atualmente realizadas pelo Exército Brasileiro. Essa parceira na execução de obras de infra-estrutura se deve a iniciativa do Ministério dos Transportes, por intermédio do DNIT, visando dar celeridade ao início dos serviços.
Cerca de 8.000 homens estão envolvidos nas obras executadas pelos batalhões de engenharia para o DNIT. O histórico do Exército, conhecimento na implantação de rodovias nas décadas de 70 e a capacitação proporcionada pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) são algumas das razões apontadas pelo chefe da Seção de Planejamento da diretoria de obras do DEC, coronel Warner Goulart, para a parceria com o DNIT.
Além das obras nas BR-319/AM, BR-163/PA e BR-101/NE, os Batalhões de Engenharia do Exército também trabalham nas BR-135 e BR-222, no Piauí; BR- 135, BR-242 e BR-418 e o contorno rodoviário de Barreiras, na Bahia; BR-262, BR-458 e BR-494, em Minas Gerais. Coube ao 6º BECnst a conclusão das obras da ponte sobre o rio Itacutu, na fronteira do Brasil com a Guiana.
Para o próximo ano está prevista a conclusão da pavimentação de novos trechos da BR-163, entre outros. Os cronogramas de obras deverão ser mantidos caso persista o volume normal de chuvas. Chuvas eventuais e a logística para construção são as maiores adversidades enfrentadas pelos batalhões do exército, relata o coronel Goulart. Ele explica que na região Norte, por exemplo, é necessário transportar o material (insumos asfálticos) nas estação de chuvas, pois durante o período da seca não há meio de chegar ao local das obras. Outra questão é o transporte da brita até esta região.
Além das rodovias, os batalhões de engenharia do Exército também estão atuando na elaboração de projetos para os portos hidroviários na região amazônica e na fiscalização destas obras, realizadas, em geral, por meio de convênios com as prefeituras municipais”.
Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)
(recebido em 4.09.2009)
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