quarta-feira, abril 19, 2006

65) Good-bye, old clock? At least, the wrist-watch...

Adieu vieille cloche? Pas encore, mais ça sera pour bientôt...

Relógio se torna vítima da tecnologia
Público jovem prefere ver as horas nos telefones móveis ou nos iPods e as vendas do produto caem
Leslie Earnest

Pesquisas e números de vendas mostram que os jovens consumidores estão trocando os relógios de pulso por engenhocas mais "descoladas" para ver as horas, como telefones celulares e os iPods.

Sem contabilizar o universo paralelo dos Rolex e Patek Philippe, o número de pessoas que comprou relógios no ano passado caiu 12% em relação ao ano anterior, segundo pesquisa de mercado. A atual fabricante favorita dos jovens americanos, a Fossil Inc., do Texas, registrou queda de 18,6% nas vendas no atacado. A Oakley Inc., de Orange County, Califórnia, também viu caírem suas vendas em 11%, mas justificou informando ter retirado progressivamente modelos digitais que não estavam vendendo bem.

Para os jovens da geração dos celulares, usar relógio no pulso é coisa dos vovôs. Na semana passada, no The Lab, shopping center de Costa Mesa (Califórnia), os jovens vasculhavam bolsas e bolsos atrás dos celulares para informar as horas. E quando lhes perguntavam por que não usavam relógio, respondiam simplesmente: "Para quê?"

"É como um chapéu", disse Francis Eagan, um garçom de 21 anos. "Ele não serve para nada, como os brincos." Kamlyn Snyder, outra jovem, disse que não usava um relógio de pulso desde que havia tirado um de uma caixa de cereais, há muitos anos. "É inconveniente prendê-lo no pulso de manhã", disse um estudante de 21 anos. "Minha avó usa, é como ela diz as horas. Ela não é tão velha assim. Tem perto de 60, mas..."

DIFICULDADE
De acordo com Marshall Cohen, analista da NPD Group, empresa que pesquisa tendências de consumo, muitas pessoas mais velhas também usariam o celular para ver as horas se isso não significasse ter de procurar os óculos de leitura. "Quando os fabricantes de telefones celulares perceberem que nem todo mundo tem visão de raios X, eles começarão a fazer o relógio do telefone celular um pouquinho maior e ele rapidamente substituirá o relógio elegante como recurso principal para ver as horas."

Cohen começou a pesquisar consumidores sobre o uso de relógios de pulso depois de perceber que ele próprio deixara de usá-los. As conclusões dele tiveram o suporte do banco de investimento Piper Jaffray, que produz um relatório semestral sobre preferências de adolescentes. No último estudo, cresceu de 48% para 59% o porcentual de jovens que afirmam jamais ter usado um relógio de pulso. E mais: caiu 13% o número dos que deixaram de colocar um relógio no pulso.

Conforme a pesquisa, realizada entre março e junho (primavera no Hemisfério Norte), com resultados comparados com a pesquisa anterior, feita entre setembro e dezembro (outono no Hemisfério Norte), 82% afirmaram que não pretendem comprar um relógio de pulso nos próximos seis meses - eram 76% na pesquisa anterior.

"Algumas pessoas simplesmente compram relógios bonitos para exibir", disse o skatista Hayden Navarro, no shopping center The Camp, em Costa Mesa. "É uma razão besta para comprar um relógio." Atitudes como essas poderiam fazer os fabricantes de relógios desejar uma volta no tempo.

Os resultados desalentadores da pesquisa fizeram a Piper Jaffray manter a classificação "neutra para cautelosa" para as ações da Fossil.

"De qualquer ângulo que se analisasse os dados, a situação parecia cada vez pior para o setor de relógios finos no que diz respeito ao público adolescente", disse Neely J. N. Tamminga, um dos autores do relatório. "A grande sacada para nós é que os adolescentes estão claramente usando outras maneiras de saber as horas."

Quando uma outra empresa de pesquisa, a Teen Research Unlimited, de Illinois, perguntou a adolescentes como eles usam seus celulares, 87% disseram que era para saber as horas, conta Rob Callender, o diretor de Tendências da organização. "O relógio de pulso virou algo completamente incidental em suas vidas", conclui ele.

EXTINÇÃO
A vasta maioria das pessoas ainda usa relógios de pulsos para saber as horas e poucas pessoas acham que estes dispositivos vão entrar na lista dos acessórios ameaçados de extinção. Mas muitas pensam que eles estão mais relacionados com status e moda do que com função.

"As pessoas geralmente não compram um Rolex só para saber que horas são", disse Nitin Gupta, um analista de empresa de pesquisa Yankee Group.

Para Cohen, o analista da NPD, a pesquisa mostra que o número de pessoas que compram relógios com valor acima de US$ 1 mil - como os Rolex, Breguet e Patek Philippe, que podem custar centenas de milhares de dólares - também caiu 2% no ano passado.

Mas os suíços, que certamente não seriam neutros nesse tópico, não acham que o setor esteja com os dias contados.

A fabricante suíça de relógios Swatch Group, dona de 19 empresas de relógios, entre as quais Longines e Omega, disse que 2005 foi um ano excepcional para os negócios, inclusive para seu relógio lavável em máquina para crianças Swatch Flik Flak.

Mas os celulares têm outras vantagens sobre o relógio de pulso, entre elas as atualizações automáticas quando muda o fuso horário. Muitas pessoas usam os celulares como despertadores e calculadoras. Algumas usam o celular para assistir televisão. E outras até usam para fazer ligações telefônicas.

Não se pode fazer isso tudo com o relógio de pulso... A menos que você seja o Dick Tracy, o herói de quadrinhos quase tão antigo quanto os relógios de pulso.

(Agência Estado, 19/04/2006)

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