segunda-feira, agosto 31, 2009

501) O apartheid em construcao no Brasil: NÃO no que depender de Demetrio Magnoli

Não é meu hábito concordar incondicionalmente com ninguém, nem o faço agora. Mas, creio que concordo com a substância dos argumentos do Demétrio Magnoli: estão querendo criar um apartheid no Brasil.
Terão de passar por cima da minha pluma, ou melhor, do meu teclado...
Resistirei enquanto puder escrever...

Especial - VEJA, 2.09.2009
Queremos dividir o Brasil?
"Não", é a resposta que resulta da leitura de Uma Gota de Sangue, de Demétrio Magnoli, um livro ambicioso que investiga as origens ideológicas das cotas raciais
Diogo Schelp

"Cada homem é uma raça." A frase, título de um livro do escritor moçambicano Mia Couto, sintetiza a ideia de que cada indivíduo tem sua história, seu repertório cultural, seus desejos, suas preferências pessoais e, é claro, uma aparência física própria que, no conjunto, fazem dele um ser único. Rótulos raciais são, portanto, arbitrários e injustos. Mia Couto, com sua concepção universalista da humanidade, é citado algumas vezes em Uma Gota de Sangue – História do Pensamento Racial (Contexto; 400 páginas; 49,90 reais), do sociólogo paulistano Demétrio Magnoli, recém-chegado às livrarias. Trata-se de uma dessas obras ambiciosas, raras no Brasil, que partem de um esforço de pesquisa histórica monumental para elucidar um tema da atualidade. Magnoli estava intrigado com o avanço das cotas para negros no Brasil e resolveu investigar a raiz dessas medidas afirmativas. O resultado é uma análise meticulosa da evolução do conceito racial no mundo. Descobre-se em Uma Gota de Sangue que as atuais políticas de cotas derivam dos mesmos pressupostos clássicos sobre raça que embasaram, num passado não tão distante, a segregação oficial de negros e outros grupos. A diferença é que, agora, esse velho pensamento assume o nome de multiculturalismo – a ideia de que uma nação é uma colcha de retalhos de etnias que formam um conjunto, mas não se misturam. É o racismo com nova pele.

Em todos os povos ou períodos da história, a sensação de pertencimento a uma comunidade sempre foi construída com base nas diferenças em relação aos que estão de fora, "os outros". Muitas tribos indígenas brasileiras, por exemplo, chamam a si próprias de "homens" ou "gente" e denominam pejorativamente integrantes de outros grupamentos – esses são "seres inferiores" ou "narizes chatos". O filósofo grego Aristóteles considerava a "raça helênica" superior aos outros povos. Mas até o Iluminismo, no século XVIII, a humanidade não recorreu a teses raciais para justificar a escravidão – tratava-se de uma decorrência natural de conquistas militares. A postulação de que todos os homens nascem livres e iguais criou, porém, uma reação: a fim de embasar o domínio de povos europeus e seus descendentes sobre as populações colonizadas ou escravizadas, começou-se a elaborar uma divisão sistemática de raças, com pretensões científicas. No século XIX, esse pensamento atingiu seu ápice, com a apropriação das teses darwinistas de seleção natural. Os teóricos do racismo científico trataram de estabelecer hierarquias entre os grupos humanos com base em fundamentos biológicos. Com a gradual abolição da escravidão, o racismo científico foi usado para justificar o imperialismo ocidental na África e na Ásia.

Magnoli descreve como duas visões de mundo opostas estiveram em constante tensão ao longo da história mundial recente. A primeira crê numa espécie humana dividida em raças que se distinguem por ancestralidades diferentes, expressas em traços físicos e culturais. Os arautos dessa ideia podem ser chamados, genericamente, de racialistas. A segunda visão, antirracialista, nega a separação da humanidade em categorias inventadas e acredita no princípio da igualdade entre as pessoas. Representam a linha de pensamento antirracialista personalidades como o líder sul-africano Nelson Mandela e os americanos Frederick Douglas, abolicionista do século XIX, e Martin Luther King, líder do movimento em defesa dos direitos civis. Entre os racialistas, figuram o presidente dos Estados Unidos Theodore Roosevelt, o ditador alemão Adolf Hitler e o ativista negro americano Malcolm X. O exemplo do regime de Hitler na Alemanha não aparece no livro para tentar provar a tese de que todo pensamento racialista leva ao genocídio, o que obviamente não é verdade, mas para demonstrar o extremo a que se pode chegar quando o estado impõe critérios de raça. A crença de Theodore Roosevelt e outros governantes na supremacia dos brancos sobre os negros não levou a uma política de extermínio, como ocorreu na Alemanha. Para Magnoli, a explicação está nas diferenças fundamentais entre o racismo nazista e aquele predominante em outros países. A principal delas é que, na Alemanha, o racismo combinou-se a um nacionalismo extremado e ao ódio obsessivo em relação aos judeus. Esse contexto levou à busca pela "solução final" – a expulsão em massa seguida da eliminação física dos judeus.

LUTA DE CASTAS
Polícia reprime protesto de gujares, na Índia, em junho de 2008. O grupo étnico pediu para ser rebaixado no sistema de castas para ganhar cotas no serviço público

Em sua origem, a tese da purificação racial adotada pelos nazistas foi influenciada pelo movimento eugenista americano, que teve seu auge nas primeiras décadas do século XX. Os eugenistas defendiam o melhoramento genético da população por meio de políticas que impedissem indivíduos considerados inferiores de se reproduzir. Tais medidas, por sua vez, só podiam ser tomadas com a classificação sistemática da população segundo critérios hereditários, entre os quais a raça. Atualmente, com o conhecimento que se tem do DNA humano, a tese de que a humanidade pode ser dividida em raças foi relegada ao ridículo. "O ser humano tem 25.000 genes, dos quais não mais de trinta definem a cor da pele e dos olhos, o formato do rosto, o tamanho do nariz e a textura do cabelo, entre outras características morfológicas", explica o geneticista Sérgio Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais. Ou seja, na imensidão do genoma humano, os aspectos físicos geralmente usados para classificar as raças não representam nada. Do ponto de vista genético, pode haver mais diferenças entre dois africanos do que entre um deles e um europeu nórdico.

O fato de a ciência concluir que as raças não existem como conceito biológico cria uma dificuldade para os defensores da discriminação reversa (o outro nome para as cotas): inviabiliza a tentativa de usar critérios objetivos para decidir quem pode ou não ser beneficiário de privilégios no vestibular, no mercado de trabalho ou em licitações públicas. Essa dificuldade, aliás, sempre existiu nos países que legislaram com base em raça, mesmo quando esse conceito ainda era considerado uma verdade científica. Nos Estados Unidos, por exemplo, criou-se a regra da gota única de sangue – daí o título do livro de Magnoli –, segundo a qual qualquer indivíduo era considerado negro se tivesse um antepassado de origem africana, por mais longínquo que fosse. Em muitos estados americanos, esse foi o critério para as leis segregacionistas que proibiam, entre outras coisas, que brancos e negros casassem entre si, frequentassem a escola juntos ou até mesmo se servissem do mesmo bebedouro. O sistema americano de classificação de raças sempre omitiu a categoria "mestiços", como se fosse possível existir algum grau de pureza dentro de grupos populacionais. A rotulação oficial nos Estados Unidos é até hoje tão arbitrária que divide os cidadãos segundo critérios de cor de pele (brancos e negros), linguísticos (hispânicos) e geográficos (asiáticos). Durante o infame regime do apartheid na África do Sul, que fez dos não brancos cidadãos de segunda classe até 1994, os funcionários do estado passavam um pente ou lápis no cabelo das pessoas para, dependendo do grau de crespidão, classificá-las como negras ou coloured (mestiças). O método criava situações absurdas como a de membros da mesma família recebendo rótulos distintos.

Uma Gota de Sangue alerta para o que ocorre quando um estado se mete a catalogar a população segundo critérios raciais com o objetivo de, a partir deles, elaborar políticas públicas: pouco a pouco, os próprios cidadãos passam a acreditar naquela divisão e se veem obrigados a defender interesses de gueto. Isso cria conflitos políticos e rancor, inclusive nas situações em que as leis tentam beneficiar um grupo antes segregado. É o caso da Índia, país com o maior programa de cotas do mundo. O complexo sistema indiano de castas, tornado oficial pelo imperialismo inglês no século XIX, levou a que o governo daquele país, na década de 50, concedesse privilégios ao grupo dos intocáveis, ou dalits, e a "outras classes retardatárias" – expressão contida no texto constitucional do país. Uma forma de tentar compensá-los das injustiças sofridas no passado. O resultado é que eles passaram a ser invejados. Em 2008, os membros da etnia gujar, do norte da Índia, entraram em choque com a polícia, em protestos que mataram quatro dezenas de pessoas, para pedir o próprio rebaixamento no sistema de castas. Sua reivindicação: também serem considerados inferiores o suficiente para ganhar cotas no serviço público e em universidades. Conseguiram.

No livro de Magnoli, emerge como um desvio estranho a tentativa de instituir uma classificação oficial de raças no Brasil, país cuja identidade nacional foi construída sobre a ideia da mestiçagem. Não se trata de mito: análises genéticas da população demonstram que o DNA de um brasileiro tem, em média, proporções iguais de heranças maternas de origem europeia, africana e ameríndia. Magnoli argumenta que é exatamente essa realidade mestiça que os defensores das ações afirmativas querem destruir, ao tentar somar todos os que se consideram "pardos" à categoria de "negros". Para os ativistas da negritude, a identidade racial é, na verdade, questão ideológica. Isso explica por que uma das principais perguntas feitas aos candidatos às cotas no Brasil é se já se sentiram discriminados. Resposta correta para conseguir a vaga: sim. A baiana Sabynne Christina Silva Regis preferiu não mentir e, em entrevista de seleção do Itamaraty para uma bolsa de estudos para "afrodescendentes", disse nunca ter sido vítima de preconceito racial. Ela está convicta de que isso lhe custou a vaga. Que uma pessoa se considere "parda" não basta aos racialistas brasileiros. "O que se quer é açular a luta de classes – e, nesse contexto, a mestiçagem é incômoda porque elimina a polarização política com base em raça", diz Leão Alves, secretário-geral da ONG Nação Mestiça, com sede em Manaus.

A ideia de que existem raças é um anacronismo que não condiz com a tradição brasileira e com as mudanças que vêm ocorrendo no mundo civilizado. Barack Obama, presidente do país que inventou a regra da gota única de sangue, define-se não como negro, mas como mestiço. E não deixa de ser curioso que, se fosse brasileiro, isso talvez o impedisse de ganhar uma bolsa no Itamaraty. O filósofo Kwame Anthony Appiah, especialista em estudos afro-americanos da Universidade Princeton, nos Estados Unidos, colocou a questão nos seguintes termos, em entrevista a VEJA: "O estado brasileiro pode não ter ajudado os descendentes dos escravos a sair da pobreza, mas pelo menos jamais os discriminou ativamente, como ocorreu nos Estados Unidos. Isso faz uma grande diferença. Adotar políticas raciais, agora, significaria criar no Brasil uma minoria com privilégios. Em democracias, a existência de minorias com tratamento especial quase sempre resulta em encrenca. A pergunta que os brasileiros deveriam se fazer é: isso vale a pena?". Uma Gota de Sangue, de Demétrio Magnoli, contribui para que se responda: não, não e não.

Com reportagem de Marina Yamaoka e Nathália Butti

RAÇA COMO IDEOLOGIA
Desde 2002, o Itamaraty mantém um programa de bolsa de estudos, no valor de 25 000 reais, para "afrodescendentes" que pretendem seguir carreira diplomática. A bióloga Mariama da Silva, de 26 anos, de São Paulo, e a veterinária Sabynne Regis, de 35 anos, de Salvador, inscreveram-se no programa em 2005. "Durante o processo de seleção, contei como é viver neste país, onde o preconceito é velado", diz Mariama (à esquerda). Sabynne (à direita) não abordou a questão racial. "Os avaliadores queriam ouvir uma situação de discriminação, mas eu não tinha nada para contar", diz ela. Mariama ganhou a bolsa; Sabynne, não. O edital para o programa não faz segredo sobre os critérios ideológicos de seleção: "a experiência como negro" do candidato está no topo da lista de prioridades

"Esse caminho conduzirá a uma carteira de identidade racial"
O sociólogo Demétrio Magnoli, autor de Uma Gota de Sangue, conversou com VEJA
Lailson Santos

Magnoli diz que os defensores das cotas querem criar um racismo de massas no Brasil

O senhor escreveu, certa vez, que ficou incomodado ao deparar com o item "raça" no formulário de matrícula da escola de sua filha. Por quê?
Porque esse é o primeiro documento público no Brasil que compulsoriamente associa as pessoas nominalmente a uma raça. É um documento diferente das pesquisas anônimas do censo demográfico. No caso da matrícula escolar, ao se associar um nome a uma raça, repete-se uma prática fundamental das políticas raciais no mundo inteiro, desde o século XIX. Não vejo nenhum dilema político em que as pessoas, na esfera privada, imaginem participar de uma raça. É um direito de cada um criar identidades próprias. O problema é quando o estado cria e impõe um rótulo às pessoas. No caso das matrículas, isso foi feito através de uma norma do Ministério da Educação (MEC), válida para escolas públicas e privadas. Os pais devem declarar a "raça" de seus filhos. Hoje, todos os formulários de saúde e educação no país têm esse item. O Brasil está oficializando as identidades raciais.

Qual é o perigo?
A função desse conjunto de documentos é impingir aos cidadãos uma marca racial da qual não poderão fugir e que depois terá efeitos práticos em sua vida, no vestibular ou no mercado de trabalho. Estamos trilhando um caminho que conduzirá a uma carteira de identidade racial.

Quem ganha com isso?
Em todos os lugares em que foi aplicado esse tipo de medida, formaram-se elites políticas sustentadas sobre bases raciais. Seu interesse é ganhar influência, votos e audiência social. No Brasil, os promotores dessas políticas imaginam que o racismo brasileiro leva as pessoas a "negar a sua verdadeira raça". Para eles, incentivos oficiais, vagas em universidades e cotas no mercado de trabalho vão ajudar os mestiços a "assumir a sua negritude" – frase que se ouve a toda hora. Pretende-se com isso criar uma larga base social para que os promotores das políticas raciais se ergam como lideranças políticas. Eles querem criar um racismo de massas, algo que não existe no Brasil. Há, sim, um racismo difuso, mas não um ódio racial de massas.

Por que essa agenda foi adotada pelo Partido dos Trabalhadores?
Porque o partido mantém relações com ONGs que promovem tais políticas, muitas por influência de entidades filantrópicas americanas. Como não têm apoio popular, as ONGs precisam se atrelar a um partido para ganhar representatividade e exercer pressão sobre o estado. Embora hoje o PT seja a principal agremiação a conduzir essa bandeira, vale lembrar que as políticas raciais começaram com o PSDB, durante a Presidência de Fernando Henrique Cardoso.

O que é avaliado de verdade na hora de conceder cotas?
No estado racial, as pessoas têm de demonstrar uma identidade e assumi-la. Os desviantes são aqueles que se recusam a fazê-lo. Como não existe ninguém "verdadeiramente negro", assim como não existe "verdadeiramente branco", o que se tenta avaliar é, no fundo, a ideologia. Entre pessoas igualmente pardas, ganha a vaga aquela que se diz vítima de discriminação. Essa resposta é associada a uma ideologia da negritude que serve de critério para as comissões universitárias decidirem sobre a distribuição de cotas. É quase o mesmo que beneficiar no vestibular os alunos que estão de acordo com as ideias de determinado partido.

A criação de um racismo de massas é um caminho sem volta?
Volta sempre existe, mas é preciso saber a que custo. Em Ruanda, pagou-se o preço de um genocídio. Posteriormente, o estado ruandês decidiu proibir a classificação racial da população. Se o Brasil insistir nas políticas raciais e se elas se tornarem enraizadas, coisa que ainda não ocorreu, a sociedade vai pagar um preço alto, impossível de prever.

Uma História do pensamento racial

O sociólogo Demétrio Magnoli, que acaba de lançar o livro “Uma gota de sangue, História do pensamento racial”, conversou com a repórter Elizabeth Carvalho sobre um tema polêmico tanto no Brasil, quanto nos Estados Unidos e na África do Sul: as atuais conotações políticas do conceito de “raça”.

Para Magnoli, as discussões sobre racismo e as práticas de ações afirmativas representam um enorme paradoxo neste século XXI. Ao contrário dos avanços no sequenciamento do genoma humano, que determinam a “morte da idéia de raça”, a insistência na reafirmação racial através de políticas de cotas virou uma grande “negação moderna dessa modernidade”. Mesmo conceitos largamente utilizados, como o “multiculturalismo”, escondem idéias pejorativas e ultrapassadas de que a humanidade ainda está dividida em diferentes famílias humanas, “ou seja, os mesmo argumentos do racismo científico do século XIX”.

Numa conversa franca, Demétrio Magnoli defende que as políticas afirmativas são, na realidade, políticas de preferências raciais e do que ele chama de “discriminação reversa, gerando novas elites que se fortalecem produzindo ódios de raça. O mito da raça, no lugar de se dissolver como uma crença anacrônica (…) persiste ou renasce na esfera política.”

Concorde você ou não com as ideias de Magnoli, não perca o Milênio desta segunda (31/08), 23h30.
http://especiais.globonews.globo.com/milenio/

quinta-feira, agosto 27, 2009

500) Apple Snow Leopard: sorry non-Apple people

Este post é absolutamente egocêntrico, destinado apenas aos que, como eu, usam computadores Apple e sistemas operacionais MacOS. Sorry, rest of the people...

Snow Leopard Takes a Page From the App Store Playbook
By DAVID POGUE
The New York Times Circuit, June 11, 2009

Apple announced and demonstrated all kinds of things this past Monday at its developers' conference: upgraded laptops, a new iPhone, a new iPhone software suite for all iPhone owners, its new Mac OS X 10.6 "Snow Leopard" operating system, and so on. Lots of goodness, for sure. But to me, one of the most mind-blowing revelations was a single statistic: 29.

That's dollars, and it's how much Apple intends to charge current Leopard owners for the Snow Leopard version when it goes on sale in September. That's $29, rather than the $130 Apple traditionally charges for new Mac OS X versions.

Apple sells millions of copies of Mac OS X. So why on earth would it leave so much money on the table? There are two official reasons, one semi-official reason--and one that may be the real reason.

Official Reason 1: Snow Leopard wasn't intended to be a huge upgrade. From the beginning, it was meant to be an optimization of the existing Mac OS X: cleaned up, faster, smaller, more polished.

Which I think is an outstanding goal; who can sustain "200 new features!!!!" forever?

Besides, come on--think of your current computer or phone. Which, really, would you prefer: more features, or better speed and reliability?

Microsoft is essentially pursuing the same mission with its new Windows 7. It's basically "Windows Vista, refined." The beta versions are so much better than Vista, it's not even funny.

Celebrate this trend, people. It won't last.

And sure enough, Snow Leopard really is faster--and smaller. Yes, smaller: The OS occupies only half the disk space of the previous version, saving you a cool 6 gigabytes. That's a first in the history of OS upgrades.

Apple says that everything is faster, too: Snow Leopard installation is 45 percent faster, shutting down is 75 percent faster, waking up 50 percent faster, 55 percent faster joining Wi-Fi networks, and so on. (These are all Apple's measurements, and they're all "up to," but still.)

Truth is, though, Apple's programmers couldn't just sit by and leave their ideas on the table; a healthy number of new features did, in fact, sneak into Snow Leopard. You can edit videos (without having to buy the $30 QuickTime Pro package, as before) right at the desktop, then upload them directly to YouTube or MobileMe. Video chats require only a third as much bandwidth, so even DSL people can get in on the act. You can copy a single column of text out of a PDF without including the columns on either side. And on and on.

So much for Reason #1.

Reason #2 is something like, "Well, we wanted Mac OS X to be affordable, so we can bring its goodness to as many people as possible."

Well, sure, but didn't you want your OTHER Mac OS X versions to reach as many people as possible?

So much for Reason #2.

When pressed, an Apple product manager admitted that there might be a third reason for the pricing: "Well, we wanted to put a little pressure on our friends up North."

That would be Microsoft.

I'm not sure what kind of pricing pressure Apple could put on Windows 7 at this point; Microsoft's plans are surely in stone, since Windows 7 ships in October. And Microsoft has also decided, once again, to pursue its disastrous and confusing plan to ship Windows in five or more different versions, each with different features (sigh). Since Microsoft's bread and butter is corporations, who buy Windows by the palette, Apple's pricing gesture must seem like little more than a gnat.

But there's a final possible reason for Snow Leopard's $29 thing: the App Store Effect.

When programmers write iPhone programs, Apple encourages them to set a price that's really low--like free, or, if you insist, $1. As a result, the huge majority of programs in that store are impulse buys. Nobody blinks at $1; it's less than a soda, and it's something you'll have for a long time. Price is virtually no barrier at all.

That's quite a bit different from any other software category. Even shareware usually starts at $20. There's a huge psychological difference between $1 and $20.

The App Store Effect says this: if you cut a software program's price in half, you sell far more than twice as many copies. If you cut it to one-tenth, you sell far more than 10 times as many. And so on.

It's a little counter-intuitive, but this principle has paid off beyond anyone's wildest dreams. The numbers are staggering: as you've probably heard, iPhone/iPod Touch fans downloaded 1 billion apps within 9 months. Some iPhone programmers have become millionaires within months--yes, selling $1 software--because of this crazy math. $20 may sound like more than $1, but not when 1,000 times more people buy at $1.

I can't help wondering if Apple has the App Store effect in the back of its mind with Snow Leopard. If the previous Mac OS X version sold for $130, then Apple would need five times as many Snow Leopard sales to equal the revenue.

The App Store Effect says: Oh, baby, that's a no-brainer.

terça-feira, agosto 25, 2009

499) Alfred Hayek, premio Nobel de Economia, 1974

Alfred Von Hayek, Prêmio Nobel de Economia de 1974
Hélio Socolik
(18/09/2002)

Friedrich August von Hayek dividiu o Prêmio Nobel de Economia de 1974 com o sueco Gunnar Myrdal. Conhecido simplesmente como Prof. Hayek por seus alunos, nasceu em Viena, Áustria, em 1899 e faleceu em 1998. Por que é importante recordar von Hayek hoje, um período conturbado com a crise mundial de recessão e desemprego e os novos desafios colocados pela globalização, a desestatização, o movimento internacional de capitais e os ataques especulativos ao real e a outras moedas de países emergentes?

Von Hayek representa, certamente, um pensador original, um economista que não se preocupou em pensar diferente da maioria de seus colegas, pois ele preferia a liberdade do setor privado em vez da ação do Estado como um melhor caminho para solução dos problemas econômicos. A observação de que vivemos hoje dias de recrudescimento de movimentos intelectuais contra o liberalismo e de programas que prevêem retorno à estatização, torna importante trazer alguns de seus pensamentos, que não constam normalmente dos textos colocados à disposição de nossos colegas estudantes, fato causado mais por desconhecimento de sua obra pelos próprios professores.

Como breve resumo de sua biografia, tem-se que von Hayek era filho de um professor de Botânica em Viena e aos 28 anos de idade assumiu o cargo de diretor do Instituto Austríaco de Pesquisas Econômicas, onde ficou por 4 anos; foi professor de Economia na Universidade de Viena, onde seguiu a escola austríaca de Economia dos mestres Menger, Wieser, Böhm-Bawerk e Mises. Com 32 anos foi professor na London School of Economics, onde permaneceu até 1950, quando transferiu-se para a Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, famosa por defender a economia de mercado. De 1962 a 1969 foi dar aulas em Freiburg, na Alemanha, de tradição liberal. Suas principais obras são "A teoria monetária e o ciclo do comércio" (1929), "Preços e Produção" (1931), "A teoria pura do capital" (1941), "O caminho da servidão" (1944), "Individualismo e Ordem Econômica" (1948), "A Constituição da Liberdade" (1960), "Direito, Legislação e Liberdade" (1974) e "Desestatização do Dinheiro" (1974). Talvez seu livro mais importante tenha sido "O caminho da servidão", onde o autor adverte o mundo de que o planejamento centralizado da economia leva as sociedades ao totalitarismo, ou seja, à supressão das liberdades individuais mais preciosas do homem, e que se referem às liberdades de consumir e de produzir. Nesse último livro Hayek apresenta a discussão de quatro propostas básicas para os homens refletirem a respeito, e que são:

· as instituições que constituem a base da sociedade brotam da ação humana, mas não dos planos e do planejamento humanos;

· numa sociedade livre a lei é fundamentalmente natural, não fabricada pela simples vontade dos governantes, sejam monarcas ou maiorias democráticas;

· o Estado de direito constitui o primeiro e mais importante princípio da sociedade livre;

· o Estado de direito exige que os homens sejam tratados com igualdade, mas o Estado de direito, além de não exigir que os homens sejam igualados, também será minado por qualquer tentativa nesse sentido.

O prof. Hayek é autor de teses as mais polêmicas, dentre as quais a desestatização da moeda, a completa liberdade econômica de produzir e de consumir e da democracia constituída de um órgão legislativo cujos componentes não devem ser vinculados a partidos políticos. A seguir, algumas frases mais interessantes do Prof. Hayek extraídas de artigos e livros, ou de declarações feitas em entrevistas:

"O controle e limitação dos poderes do Estado nos países em desenvolvimento deve ser ainda mais forte, pois nesses países o mercado e a concorrência ainda estão em processo de descoberta e, portanto, é onde a liberdade deve ser assegurada para criar o máximo de oportunidades para que essas descobertas se façam."

"Há funções que só podem ser cumpridas pelo governo e outras que ele cumpre melhor do que a iniciativa particular. Mas mesmo aí deve haver uma restrição: que essas atividades governamentais jamais tenham caráter de monopólio, que haja a concorrência da iniciativa particular."

"O desemprego é resultado da rigidez dos salários impostos pelos sindicatos e os governos. Os poderes excessivos dos sindicatos é que têm causado um declínio da produtividade e constituído os maiores obstáculos ao desenvolvimento econômico e social."

"Não devemos apenas à nossa inteligência a construção da ordem humana, que é hoje capaz de alimentar duzentas vezes mais gente do que havia na Terra há 5 mil anos. Há uma segunda herança que não é produto de nossa razão, uma herança moral que consiste na crença depositada na propriedade, honestidade e família, elementos que não podemos quantificar intelectualmente, mas que são os fundamentos de nossa civilização."

"Deveríamos permitir que as empresas privadas criassem, em regime de concorrência, suas próprias moedas e o público, representado pelo mercado, saberia acolher as boas e rejeitar as más. Os bancos centrais simplesmente desapareceriam, assim como os sistemas monetário e financeiro mundiais."

"O socialismo não passa de uma invenção de intelectuais, que tentaram dar-lhe uma justificação política. Não foi o proletariado que criou o socialismo, mas os intelectuais que têm a pretensão de saber mais do que o povo. O socialismo tem intenções até honrosas, mas é uma ilusão intelectual pretender que a razão humana possa reorganizar a sociedade tendo em vista objetivos que seriam conhecidos e previstos."

"Karl Marx ensinou que o proletariado é uma criação do capitalismo. Na verdade, é. Mas não por exploração, como quer o marxismo. O capitalismo criou o proletariado na medida em que possibilitou a sobrevivência de pessoas que sem ele não teriam como viver."

"Se os políticos não destruírem o mundo, seus sucessores pertencerão a uma nova geração, mais liberal e mais razoável. Temos assistido ao surgimento de uma elite que compartilha meu liberalismo radical. A escolha do liberalismo não é um problema de valor moral ou de preferência. Trata-se de uma questão científica objetiva. Quem consulta a história da humanidade tem ocasião de constatar que a ambição de programar o desenvolvimento social conduz às piores catástrofes."

Instigante, não? E agora, que tal lermos o Prof. Hayek e discutirmos suas idéias?

===========

Comentarios Paulo Roberto de Almeida:
Nao sei se foi deliberado ou apenas ironia involuntaria, por parte de "mentes perversas" do Comite de selecao dos Nobel de economia, mas atribuir o premio ao Hayek JUNTO com Myrdall poderia ser considerado uma ofensa ao primeiro, uma especie de injuria intelectual, pois tudo o que Hayek escreveu e defendeu estao na linha oposta dos escritos de Gunnar Myrdall.
O sueco previu, no comeco dos anos 1960 que se algum pais, ou grupo de paises, conseguiria alcancar os paises desenvolvidos, seria a América Latina, e que a Asia era simplesmente sinonimo de miseria (está em Asian Drama), a menos que os asiaticos fizessem como os indianos: planejamento, empresas estatais, controle de capitais e de comercio exterior.
Foi uma suprema ironia, que nos 40 anos que se seguiram, ocorreu exatamente o contrario do que Myrdall pregava: a Asia decolou e a América Latina ficou para tras.
Se ele fosse honesto, e estivesse vivo, teria de devolver o Premio Nobel...
-------------
Paulo Roberto de Almeida

498) Roberto Campos: as leis do comportamento humano

Texto que circula na internet, certamente feito por admiradores, reunindo trechos do proprio Roberto Campos e de algum seguidor intelectual.
(recebido em 25.08.2009)

Leis de comportamento sociopolítico
Roberto de Oliveira Campos (19/12/1999)

Era uma crespa noite de inverno londrino. Eu tinha convidado para um jantar na embaixada brasileira, ao fim dos anos 70, o grande filósofo liberal francês Raymond Aron e dois sociólogos radicados na Inglaterra, Ralf Dahendorf e Ernest Gellner, este último professor de José Guilherme Merquior, meu conselheiro de embaixada.

Na curva do conhaque, quando filosofávamos sobre nominalismo, realismo e existencialismo, contei uma piada que Aron achou divertida.

Era a definição de "realidade" por um irlandês, revoltado pela interrupção de suas libações alcoólicas à hora do fechamento dos pubs: "A realidade", disse ele, "é uma ilusão criada por uma aguda escassez de álcool".

Quando partiram os hóspedes, resolvemos, Merquior e eu, em rodadas de uísque, testar duas coisas. Primeiro, a teoria irlandesa do realismo alcoólico. Segundo, nossa capacidade de recitarmos, de memória, aquilo que poderíamos chamar de "leis de comportamento sociopolítico" de variadas personagens e culturas. Alternávamos nas citações, que registrei num alfarrábio que outro dia desenterrei numa limpeza de arquivos. Ei-las:

A lei de Churchill: "A Democracia é a pior forma de governo, exceto as outras".

A lei de Lenin: "É verdade que a liberdade é preciosa. Tão preciosa que é preciso racioná-la".

A lei de Stalin: "Uma única morte é uma tragédia; 1 milhão de mortes é uma estatística".

A lei de Krushev: "Os políticos em qualquer parte são os mesmos. Eles prometem construir pontes mesmo quando não há rios".

A lei de Henry Kissinger: "O ilegal é o que fazemos imediatamente. O inconstitucional é o que exige um pouco mais tempo".

A lei de Franklin Roosevelt: "Um conservador é um homem com duas excelentes pernas, que contudo nunca aprendeu a andar para a frente".

A lei de Lord Keynes: "A dificuldade não está nas idéias novas, mas em escapar das antigas".

A lei de Bernard Shaw: "Patriotismo é a convicção de que o país da gente é superior a todos os demais, simplesmente porque ali nascemos".

A lei de Hayek: "Num país onde o único empregador é o Estado, a oposição significa morte por inanição. O velho princípio de quem não trabalha não come é substituído por um novo princípio: quem não obedece não come".

A lei de Mark Twain: "Um banqueiro é um tipo que nos empresta um guarda-chuva quando faz sol, e exige-o de volta quando começa a chover".

A lei de Lord Kelvin: "Grandes aumentos de custos com questionável melhoria de desempenho só podem ser tolerados em relação a cavalos e mulheres"

A lei de Charles De Gaulle: "As promessas só comprometem aqueles que as recebem".

A lei de John Randolph, constituinte na Convenção de Filadélfia: "O mais delicioso dos privilégios é gastar o dinheiro dos outros".

A lei de Getúlio Vargas: "Os ministérios se compõem de dois grupos. Um formado por gente incapaz, e outro por gente capaz de tudo".

A lei do governador Mario Cuomo, de Nova York: "Faz-se campanha em poesia e governa-se em prosa".

A lei de John Kenneth Galbraith: "A política não é a arte do possível. Ela consiste em escolher entre o desagradável e o desastroso".

A lei de Sócrates: "No tocante a celibato e casamento, é melhor não interferir, deixando que o homem escolha o que quiser. Em ambos os casos, ele se arrependerá".

No último uísque, Merquior me contou um chiste anônimo, que circulava em Londres: "A natureza deu ao homem um pênis e um cérebro, mas insuficiente sangue para fazê-los funcionar simultaneamente".

Ao confidenciar a Merquior que pretendia aposentar-me do Itamaraty para ingressar na política, lembrou-me ele a lei de Hubert Humphrey, vice-presidente dos Estados Unidos na administração Lindon Johnson, que dizia: "É verdade que há vários idiotas no Congresso. Mas os idiotas constituem boa parte da população e merecem estar bem representados".

Tendo em vista minhas ambições políticas, combinamos fabricar conjuntamente uma lei, que passaria à posteridade como a lei Campos/Merquior: "A política é a arte de fazer hoje os erros do amanhã, sem esquecer dos erros de ontem".

Ao nos despedirmos, já mais sóbrios, lembrei-me de duas leis. A lei do King Murphy, que assim reza: "Não estão seguras a vida, a liberdade e a propriedade de ninguém enquanto a legislatura estiver em sessão".

E a lei do sábio Montesquieu, o inventor da teoria da separação de poderes: "O político deve sempre buscar a aprovação, porém jamais o aplauso".

Em minha vida política no Senado e na Câmara procurei descumprir a lei do King Murphy e cumprir a lei de Montesquieu. Sem resultados brilhantes nem num caso, nem no outro...

===========

Embora longe de ser considerado uma unanimidade, deve-se reconhecer que Roberto Campos foi uma das maiores inteligências desse país no séc. XX.

Defensor apaixonado do liberalismo. Economista, diplomata e político também se revelou um intelectual brilhante. De sua intensa produção, resultaram inúmeros artigos e obras como o livro

A Lanterna na Popa, uma autobiografia que logo se transformou em best-seller. Foi ministro do Planejamento, senador por Mato Grosso, deputado federal e embaixador em Washington e Londres.

Sua carreira começou em 1939, quando prestou concurso para o Itamaraty. Logo foi servir na embaixada brasileira em Washington, e, cinco anos depois, participou da Conferência de Bretton Woods, responsável por desenhar o sistema monetário internacional do pós-guerra.

497) Carta Testamento de Getulio Vargas, 24.08.1954

Um dos mais famosos documentos políticos da história do Brasil
(um dos mais demagógicos, também)

Mais uma vez, a forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.

Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.

Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.

Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.

Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.

E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.

(Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas)

496) Desenvolvimento sustentavel: o estado do debate

Discussão sobre Redd define futuro da floresta
A 100 dias de Copenhague, debate sobre incentivo à redução de desmatamento continua polêmico
Daniela Chiaretti
Valor Econômico, 24.8.2009

Quem tem algum interesse no destino das florestas em tempos de mundo aquecido já decorou uma sigla: Redd. A quase 100 dias da conferência do clima de Copenhague, em dezembro, a efervescência do assunto tem a mesma temperatura que a polêmica que desperta. O problema é que o mecanismo de incentivo para a Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação, Redd, um tema fundamental para o futuro da Amazônia, continua bastante aberto e provocando muita confusão.

Mas afinal, que bicho é esse que coloca do mesmo lado os governadores da Amazônia a despeito de partido e histórico de desmate, todos repentinamente atingidos pelo espírito da preservação? Redd é um camaleão do debate clima-floresta, dependendo de qual especialista se consulte.

Para Virgílio Viana, diretor geral da Fundação Amazonas Sustentável, Redd é a possibilidade de as florestas do mundo inteiro receberem entre US$ 10 bilhões a US$ 20 bilhões ao ano, considerando-se só o possível fluxo de mercado dos Estados Unidos. Gilberto Camara, diretor geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), tem interpretação oposta. "Dependendo de qual Redd estamos falando", diz, "trata-se de uma falácia, uma ilusão".

Tal espectro de visões e desejos em torno do tema se explica porque, a rigor, Redd ainda não existe. O conceito começou a circular há alguns anos no circuito da negociação internacional por um acordo climático e não há dúvida de que estará no que resultar de Copenhague. "Redd é a ação que reduz o desmatamento", decifra Tasso Azevedo, consultor-sênior para assuntos de clima e floresta do Ministério do Meio Ambiente. "O Brasil apoia este mecanismo de incentivo para as florestas", continua. "A questão é onde estará no tratado do clima, com qual formato e para que será utilizado." Como este design ainda lembra o de um queijo-suíço, cada um interpreta o assunto como quer.

Redd, enquanto o acordo do clima não estiver definido, é nada e é mil coisas. É o projeto-piloto que o Banco Mundial toca em alguns países. Mas também poderia ser a compra de um equipamento para melhorar o monitoramento de florestas. O projeto da reserva do Juma, no estado do Amazonas, em que hóspedes da rede Marriott neutralizam emissões doando uma quantia que ajuda a preservar a mata nativa, é pioneiro.

O Fundo Amazônia, que receberá US$ 1 bilhão da Noruega em sete anos como doação para projetos que preservem a Amazônia, é o maior fundo florestal do mundo e foi constituído por um Redd voluntário. A Índia quer Redd para as florestas que não desmatou, a China quer Redd para áreas que está reflorestando, o Brasil quer Redd para diminuir o desmatamento. Como se vê, cabe muita ideia neste balaio.

O grupo de 35 países com florestas no mundo é, evidentemente, o mais ativo no debate. "Mas não se salvará o clima do planeta só com florestas", diz Thelma Krug, a representante do Brasil nas negociações internacionais sobre o assunto.

Ela tem arrepios quando escuta que os governadores da Amazônia dizem que o Brasil perderá uns R$ 170 bilhões ao ano se não brigar pela remuneração dos serviços ambientais da Amazônia e não topar que países industrializados, que não conseguem cortar suas emissões em casa, compensem a lição mal-feita ajudando, por exemplo, a preservar a Amazônia.

Soa como uma fórmula sedutora, mas muitos especialistas têm dúvida se o clima do planeta se beneficiaria desse regime de trocas. E quando se fala em exigir compensação surgem várias demandas no front internacional. O Equador, que tem florestas por cima de jazidas de petróleo, espera receber algo para não extrair. A Arábia Saudita, que não tem floresta nenhuma e um monte de petróleo, espera ser compensada pela perda de receita que vai sofrer. No meio desta bagunça, está a discussão de Redd.

"A floresta é grande parte do problema e grande vítima", diz Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace. "Portanto, se quisermos resolver, temos que garantir a permanência da cobertura florestal do planeta - do um quinto que sobrou". Deste um quinto, um terço é a Amazônia. "Se preservar as florestas é importantíssimo para enfrentar a mudança climática, a Amazônia é fundamental".

Paulo Moutinho, pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, o IPAM, explica porque Redd é vital para a floresta. "Se o mundo assumir que é fundamental estabelecer um teto para as concentrações de CO2 de modo que o aumento da temperatura se estabilize abaixo de 2ºC, é fundamental investir na redução do desmatamento tropical ou a conta não fecha", diz.

Para chegar a no máximo 2ºC, o IPCC, braço científico da ONU, diz que é preciso limitar a concentração de CO2 na atmosfera a 450 ppm (partes por milhão). Estima-se que já passamos de 400 ppm. Então, só com a redução do uso de combustíveis fósseis, mudança de matriz energética e do padrão de consumo dos países industrializados, não vai dar. É aí que as florestas entram no jogo.

Entre os países com floresta, o Brasil é de longe o mais habilitado em termos tecnológicos e de governança para levar adiante um programa de redução do desmatamento de longo prazo, diz Moutinho. "Pode ser uma grande oportunidade para que o país receba uma compensação pelos esforços que já fez e que poderá fazer ao reduzir as emissões pela queda no desmatamento", entende. "Redd é um dos mecanismos que podem, em larga escala financeira, viabilizar a transição da lógica econômica em que se ganha derrubando para aquela em que se mantém a floresta em pé, com crescimento econômico", continua.

Moutinho já faz relações entre as duas economias. "Para colocar um boi na Amazônia custa 150 toneladas de carbono por hectare", cita. O IPAM é uma das ONGs mais ativas na defesa de mecanismos de Redd para preservar a floresta e remunerar quem a preserva. Segundo os cálculos do instituto há 47 bilhões de toneladas de carbono nas florestas remanescentes da Amazônia brasileira e 30% disso em terras indígenas. "É um patrimônio de valor inestimável".

É vislumbrando este novo "ativo econômico" que há alguns meses os governadores da Amazônia fazem contas e contato com governadores dos Estados Unidos. "Para nós não é um ônus manter a floresta, é do interesse nacional", diz Viana. "Vamos conservar as florestas por causa da chuva, da biodiversidade. Agora, isso tem um custo", prossegue o coordenador da força-tarefa sobre Redd e mudanças climáticas criada há um mês para aproximar "a visão dos governos estaduais, a favor de Redd como mecanismo compensatório, com o governo federal, historicamente pouco favorável a isso."

"Compensatório" é um dos pomos da discórdia de Redd. "Há grande preocupação que este instrumento seja utilizado para compensar a redução de emissões de países desenvolvidos nos territórios dos países em desenvolvimento", diz Azevedo. Traduzindo: um país industrializado, com metas obrigatórias de redução determinadas pelo Protocolo de Kyoto, pode achar caro demais fazer os cortes trocando a frota de carros a gasolina por elétricos e decidir compensar isso dando dinheiro para preservar áreas de alguma floresta tropical.

Parece bom para os povos da floresta que preservam sem ganhar nada, mas não parece bom se se pensar que o sistema pode tirar a responsabilidade de quem polui ou poluiu mais. "É uma discussão fundamental porque pode significar o fracasso de se atingir a meta de não superar os 2ºC", diz Azevedo. "Temos que fazer uma soma de redução muito grande, todos os países juntos. Se não se somarem os esforços, e alguns cortes só substituírem outros, estaremos longe dos nossos objetivos."

Viana discorda. "Ao introduzir o mecanismo compensatório, não necessariamente tiramos a responsabilidade dos países industrializados em fazer seus cortes". Ele diz que o nó se resolveria com o estabelecimento de um limite. "Apenas 10% dos esforços dos industrializados seriam direcionados para Redd. Assim a maior parte de seus cortes seria interna".

Há três fontes possíveis de financiamento para ações de Redd na mesa das negociações. Fontes governamentais, como o dinheiro da Noruega para o Fundo Amazônia, é a primeira. A segunda se refere a instrumentos do mercado de carbono, mas que não geram compensação. Nos países ricos e com obrigações de corte seria feito um leilão de licenças de emissão e parte desta verba financiaria ações de Redd. A terceira forma utilizaria recursos do mercado de carbono tradicional cruzados com o quanto determinada área de floresta preservada estocou e produziu de créditos. Aí está o modelo polêmico de compensação, o "offset", e também a maior quantidade de recursos financeiros disponíveis.

Esse debate está mais aceso porque a legislação americana sobre clima, a lei Waxman-Markey, que tramita no Congresso, prevê os dois mecanismos de mercado, um com "offset" e outro sem. Para Viana, a lei americana cria a perspectiva de valorização do carbono da floresta. Os EUA teriam uma cota anual de 1 bilhão de toneladas de CO2 equivalente, o que daria os tais US$ 10 bilhões a US$ 20 bilhões para compensar nas florestas.

Este cenário seduz os governadores amazônicos. "O grande problema é que eles vão pleiteando e tem algumas coisas erradas", diz Thelma Krug. "Partem do princípio que Redd simplesmente pagaria pela manutenção do estoque de carbono. Fazem uma conta assim: pegam o estoque inteiro de carbono da Amazônia, multiplicam pelo preço médio do mercado e acham que este dinheiro viria para o Brasil, mas não é assim", situa. "Uma coisa é querer receber pelo serviço ambiental da floresta; outra, no contexto do clima, é entender que Redd pagaria para reduções efetivas que seriam feitas no desmatamento. É uma diferença bárbara o tamanho desta conta."

Ela explica a confusão: "Uma coisa é dizer: quero que me paguem pelos 350 bilhões de hectares da floresta em pé que tenho, que é o tamanho da Amazônia. E outra é: quero que me paguem para que eu reduza a emissão de 1,1 milhão de hectares/ano, que é o que se desmata no Brasil", continua. ""Redd serve para implementar ações para aliviar a pressão em cima da floresta em pé."

Isto significa que Estados como Rondônia, Pará e Mato Grosso, se reduzirem suas emissões, poderão ganhar pelo esforço - o que parece justo de um lado, e estranho de outro. Deste jeito o sistema coloca no "pause" o preservado Estado do Amazonas. "Tem uma tendência na lógica do Redd para premiar o desmatador", aponta Thomas Fatheuer, secretário executivo da Fundação Heinrich Boell, ligada ao movimento verde alemão.

"Os recursos virão por redução de emissões, num primeiro momento, mas a negociação também debate a conservação da floresta", diz Moutinho. "Está nas nossas mãos achar o mecanismo de distribuição mais justo possível, em que se remunere não só quem reduziu como quem sempre preservou", continua. Ele propõe que o sistema internacional pague ao país que reduzir emissões e um sistema doméstico remunere quem conserva o estoque, como as populações tradicionais da Amazônia.

"O discurso da valorização da floresta em pé tem 20 anos e nada acontece. O carbono surge como a grande chance de colocar isto em prática, o que é legítimo", pontua Fatheuer. "O problema é como." Ele não vê problemas na conta nacional, onde um país como o Brasil reduz seu desmatamento, ganha por isso e cria políticas públicas que recompensam quem não desmata e quem diminuiu.

"Mas nos mecanismos de mercado há o risco de se ficar ligado só a quem consegue vender", continua. "E também não seria ético pagar pessoas para evitar um desmatamento que é ilegal", prossegue. "O mundo está cheio de gente de boa intenção. Mas o que sairá depois que o mecanismo for aprovado irá refletir o posicionamento deles ou não?". Outra dúvida é a coerência de Redd ao lado de políticas públicas que promovem o desmatamento. "Redd sozinho não vai dar conta de reduzir o desmate."

Gilberto Camara, diretor do Inpe, é também muito reticente em relação a mecanismos de mercado para financiar ações de Redd. Ele se opõe à ideia que um país ou Estado use o conceito do desmatamento evitado para receber créditos de carbono negociáveis no mercado. "Tem aí um problema moral", diz. Ele lembra que as propostas de desmatamento evitado levam em conta uma linha de base que, no caso brasileiro, é a média dos últimos cinco anos. Abaixo disso, geram-se créditos e o país ganha. "Mas qual é este máximo aceitável?"

Pelos dados do Inpe, a média do desmatamento de 2000 a 2005 foi 21.500 km2. A de 2005 a 2008, 14.300 km2. "Seriam 7000 km2 de créditos? Acho isso uma falácia porque admite que 21.500 km2 de desmatamento é aceitável", indigna-se. "Não entendo como alguém que defende a floresta pode aceitar esse argumento. Acho uma hipocrisia. Esse conceito só se sustentará quando o desmatamento cair bastante", prossegue. Camara levanta outro ponto. "90% do desmatamento é ilegal. Como podemos falar em desmatamento evitado que é ilegal? Combater a ilegalidade é obrigação de um governo democrático e republicano, não se pode vender a ilegalidade."

Camara questiona ainda o dado que está sendo usado mundialmente sobre a contribuição das florestas na emissão global de gases-estufa. O último relatório do IPCC, de 2007, diz que o desmatamento nas florestas tropicais contribui entre 10% a 20% das emissões globais de CO2. "Esse dado, de 20%, é furado, mas se tornou padrão. O Príncipe Charles fala nele, o G8 fala nele, mas não é confiável", rebate.

Nesse sentido, acha Redd compensatório um risco. "Vamos nos enganar pensando que reduzimos as emissões globais e isso não aconteceu porque deixaremos de cortar onde elas efetivamente estão ocorrendo", continua. Ele distingue três grupos de interessados em Redd de mercado: "Os países centrais que exageram o que é desmatamento para diminuir sua obrigação de reduzir, lideranças de países em desenvolvimento que sonham com o dinheiro e pessoas bem intencionadas na área ambiental que querem defender a floresta, mas com o dado errado."

A proposta do Greenpeace, nesse debate quente, é híbrida. "Existem duas escolas radicais e um espectro intermediário", diz Furtado. "Uma delas diz que não se deve comercializar florestas de maneira alguma e a outra aposta no contrário e acha que o mercado encontrará o balanço adequado para tanto", continua. "Ambas não darão certo", vaticina. "Uma porque não vai aparecer dinheiro algum e a outra porque é só olhar o que aconteceu no mundo em 2008 para ver o que é mercado sem regulação", diz.

O Greenpeace defende um sistema de Redd que contempla a existência de fundos nacionais além de um mecanismo de mercado com piso mínimo e teto máximo. O piso seria 1% do mercado de carbono para que os países com floresta possam desenvolver mecanismos de controle. E o teto evitaria a inundação de créditos florestais baratos.

O debate de Redd mobiliza todos os segmentos da sociedade preocupados com floresta dentro e fora do Brasil. É um dos temas principais das reuniões do Diálogo Internacional de Floresta e Clima, que reúne participantes tão diversos como povos indígenas, empresários, cientistas e ambientalistas e tem entre os principais promotores o Banco Mundial, o conselho empresarial WBCSD, os institutos de pesquisa WRI e IIED e a universidade de Yale.

"Os beneficiários sociais e econômicos têm que ser claramente identificados e Redd não pode ser só a troca de dinheiro entre governos. Tem que envolver a sociedade e os povos indígenas" diz Roberto Smeraldi, diretor executivo da Amigos da Terra Amazônia Brasileira e um dos co-presidentes do Diálogo. "Redd é um instrumento positivo, mas tem que ser complementado. É um mecanismo de transição para outro mundo com a responsabilidade de ter mantido florestas em pé".

Amanhã Redd será discutido entre empresários e o governo em seminário realizado pelo Valor e GloboNews, com apoio do Instituto Ethos, do Fórum Amazônia Sustentável e da Vale. Os empresários entregarão uma carta com sugestões ao governo sobre as posições brasileiras para a conferência do clima de Copenhague. Eles pedirão que o Brasil apoie a criação de um mecanismo de incentivo para Redd incluindo conservação e manejo. As fontes de financiamento deveriam contemplar, segundo eles, tanto sistemas voluntários como instrumentos de mercado.

sexta-feira, agosto 21, 2009

495) Adam Smith and John Maynard Keynes go to Washington

Um artigo interessante sobre o balanço washingtoniano (da administração Obama) entre as idéias do suposto laissez-faire de Adam Smith e do intervencionismo de John Maynard Keynes...

Crossroads
Theory and Morality in the New Economy
By DAVID LEONHARDT
The New York Times Review of Books, Sunday, August 23, 2009

The indispensable economist of the moment is clearly John Maynard Keynes. Keynes’s prescription for financial crises — aggressive government action and, by definition, big budget deficits — has been Washington’s basic approach since Lehman Brothers collapsed last September. Eleven months later, the economy remains deeply troubled, and it probably will be for some time. But our Great Recession seems unlikely to turn into another Great Depression.

It is impossible to know just how much credit the Keynesian approach deserves, because we can’t rerun the past year with a Hooverite economic strategy and see what would happen. Still, history seems to have vindicated Keynes. Likewise, it has indicted the laissez-faire philosophy that had been ascendant for most of the last three decades.

The indispensable economist of that philosophy, of course, is Adam Smith. Smith’s invisible hand — which, in his description, guides an individual to promote the interests of society more effectually than he intends — has not looked so effectual lately. In Obama’s Washington, understandably enough, Keynes seems to be in and Smith out.

Yet here is where the story becomes a little complicated. Six years ago, Bantam Classic published a mass-market volume of Smith’s 1776 masterwork, “The Wealth of Nations,” with an introduction by Alan B. Krueger, an economics professor at Princeton. Krueger argued that Smith’s modern image had become unhinged from his actual writings. “Smith was a nuanced thinker. He was not nearly as doctrinaire a defender of unfettered free enterprise as many of his late-20th-century followers have made him out to be,” Krueger wrote. “He recognized that human judgment was not infallible.”

Smith was indeed a champion of individual liberty and worried about how governments might muck up an economy. But he also wrote that the goal of employers, “always and everywhere,” was to keep wages as low as possible. “When the regulation, therefore, is in favor of the workmen, it is always just and equitable; but it is sometimes otherwise when in favor of the masters,” he concluded. He supported a tax on luxury carriages and taxes on alcohol, sugar and tobacco. He said that “negligence and profusion” inevitably occur when corporate managers control shareholders’ money. And as the historian Emma Rothschild has noted, “The Wealth of Nations” uses the phrase “invisible hand” precisely once. In the 1,231-page Bantam edition, it appears on Page 572.

I stumbled on that edition earlier this year in my local bookstore and was struck by Krueger’s name on the cover. These days, he is the chief economist in the Obama Treasury Department, the lead agency in the administration’s efforts to halt the economic crisis. The ideas of Keynes, surely, are central to those efforts. But the ideas of Smith are not anathema to the administration. In fact, Smith turns out to be a useful guide to the ways Obama is and is not trying to reshape the American economy. Smith also lurks, often unnamed, in some of the most thoughtful early books to have been published on the Great Recession.

Beyond the immediate crisis, today’s overarching economic challenge is figuring out how the country can reap the benefits of Smith’s market-based system without experiencing the worst of its downsides. In the decades after World War II, the Keynesians who descended on Washington thought they had solved this problem. With the right mix of spending, regulation and interest rates, they believed, the business cycle could be tamed and unemployment largely eliminated. “This was hubris,” Paul Krugman, the Nobel laureate and liberal Times Op-Ed columnist, writes in “The Return of Depression Economics and the Crisis of 2008.” Technocrats overestimated how many jobs they could create without aggravating inflation, and aggravate inflation they did.

Their failures, combined with the greater failure of socialist economies, set the stage for the ascendancy of laissez-faire economics. Much of Asia moved to a market-based system and experienced stunning improvements in living conditions. As Krugman writes, “capitalism could with considerable justification claim the credit.” These successes, however, created their own excesses. The principles of laissez-faire capitalism were elevated to the status of religious scripture, with Alan Greenspan as high priest. In “The Cost of Capitalism,” Robert J. Barbera, a longtime Wall Street economist, notes that Greenspan and others confused the fact that market capitalism was thebest economic system with the misguided notion that it was the perfect system.

Barbera calls instead for “an enlightened synthesis.” Such a synthesis — one that takes Smith at his word rather than his caricature — is at the core of almost every serious vision of a postcrisis American economy. For Barbera, it means the Federal Reserve should recognize that bubbles are the norm and that preventing them is its job. For the conservative appellate judge and law professor Richard A. Posner, it means seeing the crisis as “A Failure of Capitalism,” as he titled his latest book. Among other things, Posner suggests a modern-day version of Smith’s tax on luxury carriages: “increasing the marginal income tax rate of persons who have very high incomes, in order to reduce their appetite for risk-taking.” And in “Animal Spirits,” George A. Akerlof (another Nobel laureate) and Robert J. Shiller (who issued early warnings about the dot-com and housing bubbles) say the synthesis must take into account the many ways in which people are not the coldly rational, utility-maximizing beings that laissez-faire economic models imagine.

Smith, as it happens, would have been quite comfortable with this notion. At the University of Glasgow he held the chair of moral philosophy, and his second most famous book was titled “The Theory of Moral Sentiments.” In “The Wealth of Nations,” he wrote of the ways that pride, envy, respect and other emotions influenced decisions. Intriguingly, this is the version of Smith that Obama likes to recall.

Last summer, during an interview shortly before the Democratic National Convention, I was asking Obama about the benefits and limits of a market economy, when he brought up Smith. “Adam Smith, at the same time as he was writing about the invisible hand, he was also writing about that moral sense — that human ecology — that allows a market to work: the sense that if I bring my goods into the market, someone is not going to hit me over the head; the sense that because I am trading with this guy often enough, that I know that the scales aren’t tampered with,” Obama said. “That compact that we make is not just legalistic. It has to do also with our politics and our culture, and when that starts eroding it inhibits economic growth as well.”

You can make a good case that, for all the talk-show chatter about whether Obama is a socialist, his agenda is in fact tinged with Smith. The administration’s various attempts to reduce inequality are meant, at their core, to make Americans feel as if the economic system is fair — that the scales haven’t been tampered with. In responding to the financial crisis, Obama eschewed the left’s calls for nationalizing the banks and instead kept them in private hands, albeit with public assistance. To reduce health care costs, he favors moving away from a fee-for-service system, which has the same perverse incentives Smith liked to denounce.

Economic historians could doubtless have a spirited debate about whether Smith would have supported or disdained the White House’s agenda. But it’s reasonable to think that, either way, he would have had something trenchant to say about its chances of success. Among his more radical observations was that legislators tended to defer to those “masters” of industry, even when their aims would hurt the citizenry. To put it another way, economic theory can do only so much for a president. The rest falls to politics.

David Leonhardt writes a weekly economics column for The Times.

494) O mito do governo grande salvando a economia de uma grande recessao

Big Government, Big Recession
By ALAN REYNOLDS
The Wall Street Journal, August 20, 2009

There's no evidence for the theory that state spending has shortened this or any other slowdown.

‘So it seems that we aren’t going to have a second Great Depression after all,” wrote New York Times columnist Paul Krugman last week. “What saved us? The answer, basically, is Big Government. . . . [W]e appear to have averted the worst: utter catastrophe no longer seems likely. And Big Government, run by people who understand its virtues, is the reason why.”

This is certainly a novel theory of the business cycle. To be taken seriously, however, any such explanation of recessions and recoveries must be tested against the facts. It is not enough to assert the U.S. economy would have experienced a "second Great Depression" were it not for the Obama stimulus plan.

Even those who think government borrowing is a free lunch can't possibly believe the government has already done enough "stimulus spending" to explain the difference between depression and recovery.

CNNMoney recently calculated that the stimulus plan has spent just $120 billion—less than 1% of GDP—mostly on temporary tax cuts ($53 billion) and additional Medicaid, food stamps and unemployment benefits. Less than $1 billion has been spent on highway and energy projects. Commitments for the future are much larger, but households and firms can't spend commitments.

Proponents of Big Government can't say we avoided the next Great Depression due to hypothetical stimulus money that is mostly unspent. So they argue it's more important that the federal government merely continued spending and didn't "slash" spending as in the early 1930s. But the federal government didn't slash spending in the early '30s. Federal spending rose by 6.2% in 1930, 7.7% in 1931 and 30.2% in 1932. Since prices were falling, real increases in federal spending were huge during the Hoover years.

President Obama clearly believes Big Government is the antidote to this and perhaps all recessions. At his first news conference in February, the president said, "The federal government is the only entity left with the resources to jolt our economy back to life." Yet that raises a key question: If the U.S. economy could not recover without a big "jolt" of deficit spending, then how did the economy recover from recessions in the distant past, when the federal government was very small?

A 1999 study in The Journal of Economic Perspectives by Christina Romer (now head of the Council of Economic Advisers) found that "real macroeconomic indicators have not become dramatically more stable between the pre-World War I and post-World War II eras, and recessions have become only slightly less severe." Ms. Romer also noted that "recessions have not become noticeably shorter" in the era of Big Government. In fact, she found the average length of recessions from 1887 to 1929 was 10.3 months. If the current recession ended in August, then the average postwar recession lasted one month longer—11.3 months. The longest recession from 1887 to 1929 lasted 16 months. But there have been three recessions since 1973 that lasted at least that long.

The relative brevity of recessions before the New Deal is particularly surprising since the U.S. economy was then dominated by farming and manufacturing—industries far more prone to nasty cyclical surprises than today's service-based economy.

In the late 19th and early 20th centuries, nobody thought the government could or should do anything except stand aside and let the mistakes of business and banking be fixed by those who made them. There were no Keynesian plans to borrow and spend our way out of recessions. And bankers had no Federal Reserve to bail them out until 1913. Yet recessions after the Fed was created soon turned out to be much deeper than before (1920-21, 1929-33, 1937-38) and often more persistent.

It's clear that U.S. history does not support the theory that Big Government means shorter and milder recessions. In reality, recessions always ended without government prodding, long before anyone heard of Keynes and long before the Fed existed. What's more, recessions ended more quickly before the New Deal's push for Big Government than they have in the past three decades. The economy's natural recuperative powers before the 1930s proved superior to recent tinkering by Big Government economists, politicians and central bankers.

The recent experience of other countries provides another way to test the Big Government theory of economic recovery. If it is true that Big Government prevents or cures recessions, then countries where government accounts for the largest share of GDP should have suffered much smaller losses of GDP over the past year than countries where the private sector is dominant.

The chart nearby lists 13 major economies by the size of government spending relative to GDP using OECD figures for 2007 (the U.S. is well above 40% by 2009). Europe's big spenders are at the top, the U.S. and Japan are in the middle, and fiscally frugal countries like China and India are at the bottom.

The last column shows the change in real GDP over the most recent four quarters—ending in the second quarter for the U.S., U.K., Germany, Japan, France, Italy, Sweden and China, but the first for the rest. Four of the five deepest contractions happened in countries with the biggest governments—Sweden, Italy, Germany and the U.K. Japan's government spending in 2007 was about like ours, but Japan's tax rates are far more punitive and the economy has suffered endless "fiscal stimulus" packages. China's central government spent 22% of GDP, but 30%-plus with local government included.

To believe Big Government explains why this extremely long recession was not even longer, we need to find some connection between the size of government and the depth and duration of recessions. There is no such connection in U.S. history, or in recent cyclical experience of other countries.

On the contrary, recessions have become longer as the U.S. government (and the Fed) became larger, more expensive, and more involved in the economy. Foreign countries in which government spending accounts for about half of the economy have also suffered the deepest recessions lately, while economic recovery is well established in countries where government spending is a smaller share of GDP than in the U.S.

In short, bigger government appears to produce only bigger and longer recessions.

Mr. Reynolds is a senior fellow with the Cato Institute and the author of "Income and Wealth" (Greenwood Press, 2006).

493) A futura inadimplencia dos EUA: a falência do Tesouro...


Why Default on U.S. Treasuries is Likely
Jeffrey Rogers Hummel*
Library of Economics and Liberty, August 3, 2009

"Buried within the October 3, 2008 bailout bill was a provision permitting the Fed to pay interest on bank reserves. Within days, the Fed implemented this new power, essentially converting bank reserves into more government debt. Now, any seigniorage that government gains from creating bank reserves will completely vanish or be greatly reduced."
Almost everyone is aware that federal government spending in the United States is scheduled to skyrocket, primarily because of Social Security, Medicare, and Medicaid. Recent "stimulus" packages have accelerated the process. Only the naively optimistic actually believe that politicians will fully resolve this looming fiscal crisis with some judicious combination of tax hikes and program cuts. Many predict that, instead, the government will inflate its way out of this future bind, using Federal Reserve monetary expansion to fill the shortfall between outlays and receipts. But I believe, in contrast, that it is far more likely that the United States will be driven to an outright default on Treasury securities, openly reneging on the interest due on its formal debt and probably repudiating part of the principal.

To understand why, we must look at U.S. fiscal history. Economists refer to the revenue that government or its central bank generates through monetary expansion as seigniorage. Outside of America's two hyperinflations (during the Revolution and under the Confederacy during the Civil War), seigniorage in this country peaked during World War II, when it covered nearly a quarter of the war's cost and amounted to about 12 percent of Gross Domestic Product (GDP). By the Great Inflation of the 1970s, seigniorage was below two percent of federal expenditures or less than half a percent of GDP.1 This was partly a result of globalization, in which international competition disciplines central banks. And it also was the result of sophisticated financial systems, with fractional reserve banking, in which most of the money that people actually hold is created privately, by banks and other financial institutions, rather than by government. Consider how little of your own cash balances are in the form of government-issued Federal Reserve notes and Treasury coin, rather than in the form of privately created bank deposits and money market funds. Privately created money, even when its quantity expands, provides no income to government. Consequently, seigniorage has become a trivial source of revenue, not just in the United States, but also throughout the developed world. Only in poor countries, such as Zimbabwe, with their primitive financial sectors, does inflation remain lucrative for governments.

The current financial crisis, moreover, has reinforced the trend toward lower seigniorage. Buried within the October 3, 2008 bailout bill, which set up the Troubled Asset Relief Program (TARP), was a provision permitting the Fed to pay interest on bank reserves, something other major central banks were doing already. Within days, the Fed implemented this new power, essentially converting bank reserves into more government debt. Fiat money traditionally pays no interest and, therefore, allows the government to purchase real resources without incurring any future tax liability. Federal Reserve notes will, of course, continue to earn no interest. But now, any seigniorage that government gains from creating bank reserves will completely vanish or be greatly reduced, depending entirely on the differential between market interest rates on the remaining government debt and the interest rate on reserves. The lower is this differential, the less will be the seigniorage. Indeed, this new constraint on seigniorage becomes tighter as people replace the use of currency with bank debit cards and other forms of electronic fund transfers. In light of all these factors, even inflation well into the double digits can do little to alleviate the U.S. government's potential bankruptcy.

What about increasing the proceeds from explicit taxes? Examine Graph 1, which depicts both federal outlays and receipts as a percent of GDP from 1940 to 2008. Two things stand out. First is the striking behavior of federal tax revenue since the Korean War. Displaying less volatility than expenditures, it has bumped up against 20 percent of GDP for well over half a century. That is quite an astonishing statistic when you think about all the changes in the tax code over the intervening years. Tax rates go up, tax rates go down, and the total bite out of the economy remains relatively constant. This suggests that 20 percent is some kind of structural-political limit for federal taxes in the United States. It also means that variations in the deficit resulted mainly from changes in spending rather than from changes in taxes. The second fact that stands out in the graph is that federal tax revenue at the height of World War II never quite reached 24 percent of GDP. That represents the all-time high in U.S. history, should even the 20-percent-of-GDP post-war barrier prove breachable.2

Graph 1. Federal Outlays and Receipts as a Percent of GDP, 1940-2008
(above)

Compare these percentages with that of President Barack Obama's first budget, which is slated to come in at above 28 percent of GDP. Although this spending surge is supposed to be significantly reversed when the recession is over, the administration's own estimates have federal outlays never falling below 22 percent of GDP. And that is before the Social Security and Medicare increases really kick in. In its latest long-term budget scenarios, the Congressional Budget Office (CBO), not known for undue pessimism, projects that total federal spending will rise over the next 75 years to as much as 35 percent of GDP, not counting any interest on the accumulating debt, which critically varies with how fast tax revenues rise. However, the CBO's highest projection for tax revenue over the same span reaches a mere 26 percent of GDP. Notice how even that "optimistic" projection assumes that Americans will put up with, on a regular peacetime basis, a higher level of federal taxation than they briefly endured during the widely perceived national emergency of the Second World War. Moreover, once you add in the interest on the growing debt because of the persistent deficits, federal expenditures in 2083, according to the CBO, could range anywhere between 44 and 75 percent of GDP.3

We all know that there is a limit to how much debt an individual or institution can pile on if future income is rigidly fixed. We have seen why federal tax revenues are probably capped between 20 and 25 percent of GDP; reliance on seigniorage is no longer a viable option; and public-choice dynamics tell us that politicians have almost no incentive to rein in Social Security, Medicare, and Medicaid. The prospects are, therefore, sobering. Although many governments around the world have experienced sovereign defaults, U.S. Treasury securities have long been considered risk-free. That may be changing already. Prominent economists have starting considering a possible Treasury default, while the business-news media and investment rating agencies have begun openly discussing a potential risk premium on the interest rate that the U.S. government pays. The CBO estimates that the total U.S. national debt will approach 100 percent of GDP within ten years, and when Japan's national debt exceeded that level, the ratings of its government securities were downgraded.

The much (unfairly) maligned credit default swaps (CDS) in February 2009 were charging more for insurance against a default on U.S. Treasuries than for insurance against default of such major U.S. corporations as Pepsico, IBM, and McDonald's. Because the premiums and payoffs of the CDS on U.S. Treasury securities are denominated in Euros, the annual premiums also reflect exchange-rate risk, which is probably why, with the subsequent modest decline in the dollar, CDS premiums for ten-year Treasuries fell from 100 basis points to almost 30.4 But you can make a plausible case that CDS underestimate the probability of a Treasury default since such a default could easily have far reaching financial repercussions, even hurting the counterparties providing the insurance and impinging on their ability to make good on their CDS. Surely the purchasers of the U.S. Treasury CDS have not overlooked this risk, which would be reflected in a lower annual premium for less-valuable insurance.

Predicting an ultimate Treasury default is somewhat empty unless I can also say something about its timing. The financial structure of the U.S. government currently has two nominal firewalls. The first, between Treasury debt and unfunded liabilities, is provided by the trust funds of Social Security, Medicare, and other, smaller federal insurance programs. These give investors the illusion that the shaky fiscal status of social insurance has no direct effect on the government's formal debt. But according to the latest intermediate projections of the trustees, the Hospital Insurance (HI-Medicare Part A) trust fund will be out of money in 2017, whereas the Social Security (OASDI) trust funds will be empty by 2037.5 Although other parts of Medicare are already funded from general revenues, when HI and OASDI need to dip into general revenues, the first firewall is gone. If investors respond by requiring a risk premium on Treasuries, the unwinding could move very fast, much like the sudden collapse of the Soviet Union. Politicians will be unable to react. Obviously, this scenario is pure speculation, but I believe it offers some insight into the potential time frame.

The second financial firewall is between U.S. currency and government debt. It is not literally impossible that the Federal Reserve could unleash the Zimbabwe option and repudiate the national debt indirectly through hyperinflation, rather than have the Treasury repudiate it directly. But my guess is that, faced with the alternatives of seeing both the dollar and the debt become worthless or defaulting on the debt while saving the dollar, the U.S. government will choose the latter. Treasury securities are second-order claims to central-bank-issued dollars. Although both may be ultimately backed by the power of taxation, that in no way prevents government from discriminating between the priority of the claims. After the American Revolution, the United States repudiated its paper money and yet successfully honored its debt (in gold). It is true that fiat money, as opposed to a gold standard, makes it harder to separate the fate of a government's money from that of its debt. But Russia in 1998 is just one recent example of a government choosing partial debt repudiation over a complete collapse of its fiat currency.

Admittedly, seigniorage is not the only way governments have benefited from inflation. Inflation also erodes the real value of government debt, and if the inflation is not fully anticipated, the interest the government pays will not fully compensate for the erosion. This happened during the Great Inflation of the 1970s, when investors in long-term Treasury securities earned negative real rates of return, generating for the government maybe one percent of GDP, or about twice as much implicit revenue as came from seigniorage. But today's investors are far savvier and less likely to get caught off guard by anything less than hyperinflation. To be clear, I am not denying that a Treasury default might be accompanied by some inflation. Inflationary expectations, along with the fact that part of the monetary base is now de facto government debt, can link the fates of government debt and government money. This is all the more reason for the United States to try to break the link and maintain the second financial firewall. We still may end up with the worst of both worlds: outright Treasury default coupled with serious inflation. I am simply denying that such inflation will forestall default.

Still unconvinced that the Treasury will default? The Zimbabwe option illustrates that other potential outcomes, however unlikely, are equally unprecedented and dramatic. We cannot utterly rule out, for instance, the possibility that the U.S. Congress might repudiate a major portion of promised benefits rather than its debt. If it simply abolished Medicare outright, the unfunded liability of Social Security would become tractable. Indeed, one of the current arguments for the adoption of nationalized health care is that it can reduce Medicare costs. But this argument is based on looking at other welfare States such as Great Britain, where government-provided health care was rationed from the outset rather than subsidized with Medicare. Rationing can indeed drive down health-care costs, but after more than forty years of subsidized health care in the United States, how likely is it that the public will put up with severe rationing or that the politicians will attempt to impose it? And don't kid yourself; the rationing will have to be quite severe to stave off a future fiscal crisis.

Other welfare States have higher taxes as a proportion of GDP, with Sweden and Denmark in the lead at nearly 50 percent.6 Can I really be confident that the United States will never follow their example? Let us ignore all the cultural, political, and economic differences between small, ethnically-unified European States and the United States. We still must factor in the take of state and local governments, which, together with the federal government, raises the current tax bite in the United States to 28 percent of GDP, only five percentage points below that of Canada. Recall that the CBO projects that federal spending alone for 2082 will reach almost 35 percent of GDP, excluding rising interest on the national debt. Thus, if taxes were to rise pari passu with spending, the United States might be able to forestall bankruptcy with a total tax burden, counting federal, state, and local, of around 45 percent of GDP—15 percentage points higher than the combined total at its World War II peak, higher than in the United Kingdom and Germany today, and nearly dead even with Norway and France. However, if there is any significant lag between expenditure and tax increases, the increased debt would cause the proportion to rise even more. Furthermore, this estimate relies on the CBO's economic and demographic assumptions about the future, along with the assumption of absolutely no increase in state and local taxation as a percent of GDP. More-pessimistic assumptions also drive the percentage up.

Even conceding that federal taxes might rise rapidly enough to a level noticeably higher than during World War II overlooks an important consideration: All the social democracies are facing similar fiscal dilemmas at almost the same time. Pay-as-you go social insurance is just not sustainable over the long run, despite the higher tax rates in other welfare States. Even though the United States initiated social insurance later than most of these other welfare States, it has caught up with them because of the Medicare subsidy. In other words, the social-democratic welfare State will come to end, just as the socialist State came to an end. Socialism was doomed by the calculation problem identified by Ludwig Mises and Friedrich Hayek. Mises also argued that the mixed economy was unstable and that the dynamics of intervention would inevitably drive it towards socialism or laissez faire. But in this case, he was mistaken; a century of experience has taught us that the client-oriented, power-broker State is the gravity well toward which public choice drives both command and market economies. What will ultimately kill the welfare State is that its centerpiece, government-provided social insurance, is simultaneously above reproach and beyond salvation. Fully-funded systems could have survived, but politicians had little incentive to enact them, and much less incentive to impose the huge costs of converting from pay-as-you-go. Whether this inevitable collapse of social democracies will ultimately be a good or bad thing depends on what replaces them.

Footnotes
1. Gary M. Walton and Hugh Rockoff, History of the American Economy, 10th ed. (Mason, OH: South-Western, 2005), p. 500; Robert Higgs, "The World Wars," in Price Fishback, et. al., History of the American Government and Economy: Essays in Honor of Robert Higgs (Chicago: University of Chicago Press, 2007); Jeffrey Rogers Hummel, "Death and Taxes, Including Inflation: The Public versus Economists," Econ Journal Watch, 4 (January 2007): 46-59.

2. Data on government expenditures and revenues come from Susan B. Carter, et. al., eds., Historical Statistics of the United States: Earliest Times to the Present, Millennial ed. (New York: Cambridge University Press, 2006), v. 5, Series Ea584-678, as brought forward by Budget of the United States Government: Historical Tables Fiscal Year 2010 (Washington: U.S. Government Printing Office, 2009). Annual estimates for GDP are from Louis D. Johnston and Samuel H. Williamson, "What Was the U.S. GDP Then?" MeasuringWorth, 2008. Their GDP numbers coincide with those of the U.S. Bureau of Economic Analysis.

3. Office of Management and Budget, A New Era of Responsbility: Renewing America's Promise (Washington: U.S. Government Printing Office, February 2009), Table S-1, p. 114; Doug Elmendorf, Federal Budget Challenges (Washington: Congressional Budget Office, April 2009), pp. 3-11.

4. A basis point is one hundredth of a percentage point.

5. Social Security and Medicare Boards of Trustees, Status of the Social Security and Medicare Programs: A Summary of the 2009 Annual Reports.

6. Organisation for Economic Co-operation and Development, Revenue Statistics 1965-2007, 2008 Edition, Table A (Paris: OECD, October 15, 2008). PDF file.

*Jeffrey Rogers Hummel is Associate Professor of economics at San Jose State University and the author of Emancipating Slaves, Enslaving Free Men: A History of the American Civil War. Some of his more recent writings can be found on the Liberty & Power group blog.

For more on hyperinflations, bank reserves, and central banks, see Hyperinflation, Money Supply, and Federal Reserve System in the Concise Encylopedia of Economics.

492) O suposto aumento da produtividade do setor publico: anuncio do IPEA e avaliacao de economistas...

1) Primeiramente, um anúncio do IPEA, do qual eu destaquei, e me espantei com, o seguinte trecho:
"Alguns fatores que justificam o crescimento da produtividade no setor público, segundo Pochmann, são o aproveitamento de novas tecnologias da informação, a participação social no acompanhamento de políticas públicas e a modernização do setor por meio de concursos e cursos de qualificação".
Declarei de imediato meu espanto, ao não entender como "a participação social no acompanhamento de políticas públicas" poderia representar um elemento quantificável para justificar esse alegado aumento na produtividade do setor público (cuja metodologia permanece, aliás, deconhecida de todos).
Depois da informação do IPEA, comentários de economistas que tomaram conhecimento dessa informação.
Informações mais completas (e ainda mais curiosas) se encontram neste link.

Avanço de produtividade é maior no setor público
Editado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
Nº 871 - Brasília, 19 de Agosto de 2009

A produtividade no setor público brasileiro evoluiu mais que a do setor privado entre 1995 e 2006. A conclusão é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em estudo divulgado na manhã desta quarta-feira (19), em Brasília. O documento Produtividade na Administração Pública Brasileira: Trajetória Recente mostra que, naquele período, a produtividade na administração pública aumentou 14,7%. Já no setor privado, a evolução foi de 13,5%.

Para chegar à medida nacional de produtividade anual na administração pública, o instituto se baseou no valor agregado definido pelas contas nacionais e a força de trabalho ocupada, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O comunicado revela que a produtividade da administração pública se manteve superior à do setor privado ao longo do recente período de estabilidade monetária no Brasil. Em 2006, por exemplo, o índice foi 46,6% superior ao do setor privado. “As duas evoluem na mesma dimensão e registram ganhos, embora baixos”, resume o presidente do Ipea, Márcio Pochmann.

Alguns fatores que justificam o crescimento da produtividade no setor público, segundo Pochmann, são o aproveitamento de novas tecnologias da informação, a participação social no acompanhamento de políticas públicas e a modernização do setor por meio de concursos e cursos de qualificação.

Níveis - A apresentação trouxe, ainda, comparações os níveis federal, estadual e municipal da administração. Entre 1999 e 2007, a evolução acumulada da produtividade na União foi de 30,2 %, contra 24,3% nos estados e -5,2% nos municípios.

Regiões - Do ponto de vista regional, o Nordeste e o Centro-Oeste tiveram crescimento positivo e substancial da produtividade na administração pública entre 1995 e 2004. As demais regiões não apresentaram melhora nesse indicador. Já entre as unidades federativas, Roraima obteve o melhor desempenho no período, seguida pelo Distrito Federal. Apenas seis estados tiveram redução nos ganhos de produtividade.

Segundo Márcio Pochmann, as administrações estaduais que adotaram medidas de “choque de gestão” (lógica privada na administração pública) não constam entre aquelas com melhor desempenho na produtividade. “Ou tiveram ganho muito baixo, ou ficaram abaixo da média de 1995 a 2006”, afirmou.

2) Comentários de economistas

(a) De: João Luiz Mauad
Assunto: Avanço de produtividade é maior no setor público
Data: Quinta-feira, 20 de Agosto de 2009, 18:52

Caro Paulo,
Estive dando uma olhada na estrovenga. É absolutamente inacreditável como se deixa usar o nome do IPEA para divulgar uma trapizonga daquelas. Pura estupidez, misturada com desonestidade intelectual.
Para começar, não se divulga um só dado estatístico em todo o "trabalho", nem tampouco a metodologia aplicada. Informa-se simplesmente que os dados foram obtidos das contas nacionais, do IBGE, cuja pesquisa já é um tormento.
Como a administração pública não produz nada de valor, pois em tese os serviços que presta não são medidos por preços unitários, nem cobrados de forma direta, é quase impossível medir a produtividade do setor público, pois não há medida de "output" a ser confrontada com a quantidade de trabalho utilizada. Então, num exercício absolutamente oportunista e equivocado, o IPEA resolveu pegar os dados do "valor adicionado, por classe de atividade", dividir pela mão de obra empregada e daí extrair uma medida de produtividade. Não seria nada demais, se o principal componente do valor adicionado não fosse a massa salarial agregada. Dessa forma, o que ele chama de "produtividade do setor público", nada mais reflete do que a variação dos rendimentos (salários), em relação à mão-de-obra empregada naquela atividade. Assim, exercícios em que o governo é generoso com os servidores, a "produtividade" cresce, e vice-versa. Não espanta, portanto, a ocorrência de enormes variações de um ano para outro de uma medida cujo incremento (ou desincremento) , historicamente, costuma ser ínfimo a curto prazo.
Outra coisa que não fica clara é o tratamento dado à mão-de-obra terceirizada, vinculada ao setor público. Não consegui saber se essa mão-de-obra foi apropriada naquele setor ou não. Tal informação é de suma importância, haja vista que o setor público é, de longe, o maior tomador de mão-de-obra alugada.
Se eu tivesse um pouco mais de tempo disponível, juro que mergulharia nesse angú a fundo, para desmascarar de vez esses bandidos da estatística.
Abrs
Mauad

(b) On 20/08/2009, at 19:30, Ralph Zerkowski wrote:

Quanto mais o governo aumenta os salarios ou aumenta o numero de funcionarios maior é o suposto output do governo o que evidentemente está errado. Como não há outra maneira de medir o Governo esta é a convenção internacional. O único modo de minimizar isto é a tal aplicação do coeficente Investimento/ custeio que reduz um pouco o problema já que atualmente o governo gasta proprocionalmente mais em salários do que em investimentos O que acontece que em outros paises (União Europeia, USA etc a proporção do governo no PIB varia de 6 a 9%.o que não impacta tão fortemente..
abs Ralph---

(c) De: Mauad João Luiz
Assunto: Avanço de produtividade é maior no setor público
Data: Quinta-feira, 20 de Agosto de 2009, 20:48

Caro Ralph,
Você está me dizendo que há uma convenção internacional que mede a produtividade do setor público pelo salário médio dos servidores da ativa, mais ou menos como fez o IPEA?
Abrs
Mauad

(d) On 20/08/2009, Ralph Zerkowski wrote:
Este calculo é elaborado dentro das normas das Nações Unidas: Standard National Accounts (SNA), sempre provocou quizumba mas como não existe outra forma de medir o Valor Adicionado, e como em outros paises o peso [do Estado] é menor, ficou como está.
abs Ralph

(e) De: Luiz Zottmann
Assunto: Re: [RL] Avanço de produtividade é maior no setor público
Data: Sexta-feira, 21 de Agosto de 2009, 11:12

Meu caro Ralph
Bom ver que continuas em forma.
Mas nesse caso não sei se o que me espanta mais é a falta de conhecimento do signficado das Contas Nacionais por parte de quem produziu a piada ou a falta de desconfiometro sobre a irrelevância do estudo em si.
É como comparar a produtividade dos peixes com o das aves, com a dos quadríupedes. etc.
A impressão que me fica é que há no IPEA de hoje uma enorme ociosidade.
Abraços
Zottmann

Finalmente, acrescento meus comentários:
Paulo Roberto de Almeida (21.08.2009)
Agradeço os comentarios do Joao Luiz Mauad, do Ralph Zerkowski e do Luiz Zottmann a esta questao extremamente complicada da avaliacao realista da suposta produtividade do setor público. Se a aproximação indireta da produtividade do setor publico se faz via massa salarial pertinente, então é obvio que essa metodologia premia indevidamente o inchaço produzido pelo governo Lula nos salarios do pessoal empregado no setor governamental, aproximacao indevida que dá uma aparencia de sustentacao a mais essa afirmacao arriscada da atual direcao do IPEA.
Ou seja, ainda que os dados possam sustentar a afirmação, estamos mesmo em face de mais uma jabuticaba econômica.
Ou alguém acredita que a produtividade no Estado de Roraima (medida provavelmente pelos salários dos funcionários públicos) cresceu efetivamente 136,6%, ao passo que a produtividade dos estados que fizeram esforços de ajuste fiscal e de modernização dos serviços públicos declinou ou até retrocedeu, como indica o estudo do IPEA?
Sinceramente, há algo muito errado acontecendo no IPEA...
O debate continua...
-------------
Paulo Roberto de Almeida

Outros dados sobre o mesmo problema podem ser encontrados nestes links:
Produtividade do setor público avança mais que a do privado
Interessados no texto do IPEA, cliquem acima.

Veja os gráficos referentes ao Comunicado nº 27