Nos anos 1960, logo depois da "vitória" da Revolução Cubana, começou um forte movimento pela independência de Porto Rico, obviamente estimulada por Cuba, que apoiava os representantes independentistas refugiados na ilha de Fidel, sob a alegação de que Porto Rico era uma "dependência colonial" do EUA.
O problema é que consultas conduzidas democraticamente em Porto Rico confirmaram que a ilha preferia permanecer um "associated state", o que lhe garantia rendas e subsídios dos EUA, a se tornar um Estado independente.
Esse tipo de demanda foi esquecido, e com isso esquecemos tambem dessa ilha ancorada no imenso império colonial informal dos EUA.
Pois bem, matéria do The Economist, resumida adequadamente pelo economista Rodrigo Constantino, vem nos lembrar a situaçãoa preocupante do declinio econômico e social naquele "estado associado". Talvez eles devessem redescobrir as virtudes pioneiras dos peregrinos, feitas de muito trabalho e espírito empreendedor.
Leiam a matéria, publicada recentemente no site do Instituto Millenium, neste link.
O declínio de Porto Rico
Terça-feira, 6 de Junho de 2006
por Rodrigo Constantino
A revista The Economist trouxe uma interessante matéria sobre Porto Rico esta semana, mostrando a deterioração do quadro econômico do país. Porto Rico é território americano por mais de um século, e seu povo tem cidadania americana desde 1917. Esta proximidade com os Estados Unidos contribuiu muito para o enriquecimento do país no passado, mas a economia vem mostrando sinais de desgaste nas últimas três décadas. A culpa poderia ser encontrada no excesso de governo.
A renda per capita do país estava em US$ 12 mil em 2004, um bom patamar para os padrões do Caribe, mas menos da metade de Mississipi, o estado americano mais pobre. A taxa de pobreza era quatro vezes maior que a média nacional americana. Os “anos dourados” após a Segunda Guerra parecem ter chegado ao fim. Desde 1970, Porto Rico tem ficado para trás se comparado aos tigres asiáticos ou Irlanda, que tinha então uma mesma renda per capita. O governo americano assumiu um papel grande demais na economia local, e um agigantado “welfare state” tem prejudicado a dinâmica do país. As transferências federais para Porto Rico aumentaram drasticamente desde 1970, e ainda correspondem a cerca de 20% da renda pessoal na ilha. Algo como 30% dos empregos estão no setor público. Como lamentou o próprio prefeito de Aguadilla, Carlos Méndez, “tudo que querem é achar segurança apenas”. Ele completa que “não existe mais ambição, todos querem trabalhar para o governo”. Como o governo não cria riqueza, um país sempre encontra dificuldades quando muitos querem os privilégios do setor público. Afinal, quem paga a conta assume um fardo cada vez maior. E como resultado concreto disso, a renda per capita de Porto Rico vem caindo em relação a americana desde 1970, enquanto países mais liberais, como Cingapura, Taiwan e Irlanda, vem reduzindo bastante a diferença.
O excesso de controle estatal gera um efeito moral perverso. As pessoas passam a ver os bens e serviços disponíveis como “direitos naturais”, passando apenas a disputar pela via política mais e mais privilégios. O “welfare state” acaba criando problemas de conflito em vários níveis, forçando as pessoas a competir por suas parcelas de uma riqueza continuamente decrescente. A “necessidade” passa a substituir o mérito, e a liberdade individual cede espaço para mais e mais regulações e controles estatais. A responsabilidade do próprio sustento deixa de ser uma prioridade, pois os indivíduos consideram como certo que o Estado irá prover suas demandas. Como crianças mimadas, ignorando como a riqueza é de fato criada, os indivíduos exigem seus “direitos”, jogando a obrigação de produzi-los para os outros. O caso de Porto Rico, com suas mudanças nas últimas décadas, não é uma exceção. Podemos observar essas características até mesmo na Suécia e demais escandinavos. Alguns estão agora tentando adotar reformas mais liberais, devido ao fato desse modelo se mostrar insustentável no longo prazo. A mentalidade de que tudo que é desejado cabe ao Estado cria verdadeiros parasitas. Tivemos um caso esdrúxulo na Escandinávia onde um idoso entrou na justiça para exigir do Estado o pagamento de prostitutas!
A riqueza de uma nação é criada pelos seus indivíduos, e quanto maior a liberdade desses, maiores os incentivos para o trabalho e a conseqüente criação de riqueza. Indivíduos reagem a incentivos. O “welfare state” acaba reduzindo bastante os incentivos ao esforço individual, posto que a responsabilidade individual é substituída por uma sensação de proteção coletiva. No longo prazo, entretanto, trata-se de uma falsa proteção. O caso de Porto Rico apenas corrobora, entre muitos outros, com essa lógica. O país teria muito a ganhar se mudasse seu modelo, delegando novamente ao próprio indivíduo a tarefa do seu sustento. Afinal, a nação mais rica do mundo, da qual Porto Rico faz parte por acordo, foi criada justamente com esta mentalidade.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário